ATA DA DÉCIMA SEGUNDA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA LEGISLATURA,
EM 27-02-2014.
Aos vinte e sete dias do
mês de fevereiro do ano de dois mil e quatorze, reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos
vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Bernardino
Vendruscolo, Clàudio Janta, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, João
Carlos Nedel, Kevin Krieger, Lourdes Sprenger, Mauro Pinheiro, Paulo Brum,
Pedro Ruas, Professor Garcia, Tarciso Flecha Negra e Waldir Canal. Constatada a existência de quórum, o
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os vereadores Any Ortiz, Delegado Cleiton, Dr. Thiago,
Elizandro Sabino, Engº Comassetto, Idenir Cecchim, João Derly, Jussara Cony,
Marcelo Sgarbossa, Mario Fraga, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Paulinho Motorista,
Reginaldo Pujol, Séfora Mota, Sofia Cavedon e Valter Nagelstein. À MESA, foi encaminhado o Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 038/13 (Processo nº 2996/13), de autoria do
vereador Mario Manfro. Também, foi apregoado o Memorando nº 002/14, de autoria
do vereador Alberto Kopittke, deferido pelo Presidente, solicitando autorização
para representar externamente este Legislativo, hoje e amanhã, em visitas a
unidades integrantes do Projeto Casa Viva, desenvolvido pelo Município do Rio
de Janeiro, em parceria com a ONG Viva Rio, no Município do Rio de Janeiro –
RJ. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios do Fundo Nacional de Saúde do Ministério
da Saúde, emitidos no dia vinte de fevereiro do corrente; e Ofício nº 034/14,
de Luiz Antonio de Assis Brasil, Secretário de Estado da Cultura do Rio Grande
do Sul. Em continuidade, o Presidente registrou o comparecimento, nos termos do
artigo 139 do Regimento, de Vanderlei Capellari, Diretor-Presidente da Empresa
Pública de Transporte e Circulação, convidando-o a integrar a Mesa dos
trabalhos e concedendo a palavra a Sua Senhoria, que apresentou metodologia de
atualização do cálculo tarifário do transporte coletivo por ônibus de Porto
Alegre. A seguir, o Presidente concedeu a palavra aos vereadores Marcelo
Sgarbossa, Clàudio Janta, Fernanda Melchionna, Lourdes Sprenger, Reginaldo
Pujol, Delegado Cleiton e Paulinho Motorista, que se manifestaram e formularam
questionamentos acerca do assunto em debate. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
manifestaram-se os vereadores Idenir Cecchim, Alceu Brasinha, Kevin Krieger,
Mario Fraga, Jussara Cony, Engº Comassetto, Paulinho Motorista e Sofia Cavedon.
Em prosseguimento, o Presidente concedeu a palavra a Vanderlei Capellari, para
considerações finais e resposta aos questionamentos formulados pelos
vereadores. Durante a Sessão, os vereadores Engº Comassetto e Tarciso Flecha
Negra manifestaram-se acerca de assuntos diversos. Às dezesseis horas e
cinquenta e dois minutos, o Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Professor Garcia, Delegado
Cleiton e Reginaldo Pujol e secretariados pelo vereador Guilherme Socias
Villela. Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada,
será assinada pelo 1º Secretário e pelo Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Hoje temos o
comparecimento do Sr. Vanderlei Cappellari, Diretor-Presidente da Empresa
Pública de Transporte e Circulação – EPTC, que fará a apresentação
da metodologia de atualização do cálculo tarifário do transporte coletivo por
ônibus de Porto Alegre.
O Sr. Vanderlei
Cappellari está com a palavra.
O SR. VANDERLEI CAPPELLARI: Boa-tarde,
Presidente, Ver. Professor Garcia; boa-tarde a todos os Vereadores desta Casa,
quero agradecer o convite de poder apresentar as mudanças, principalmente da
metodologia do cálculo da tarifa do ônibus da nossa Cidade. Faço esta
apresentação depois de um ano muito trabalhoso, que foi o ano de 2013, pois
jamais havia acontecido, na nossa Cidade, uma auditoria do Tribunal de Contas
tão profunda, tão extensa e tão longa como foi a auditoria especial, que foi
feita não só na planilha do sistema de ônibus de Porto Alegre, mas também em
todas as atividades da EPTC, em que os auditores se dedicaram intensamente,
inclusive, avaliando individualmente cada setor, cada coordenação, cada
gerência, cada diretoria, suas atividades, suas responsabilidades, e
auxiliou-nos, sobremaneira, na reorganização inclusive dos próprios processos
da EPTC, no sentido de realmente trazer a transparência para todo o processo.
Das 14 determinações ou sugestões que foram determinadas no julgamento do
pleno, no Tribunal de Contas, todas foram contempladas e serão incluídas nos
dois decretos que foram publicados há poucos dias, exatamente contemplando
todas as determinações e sugestões do Tribunal de Contas sobre todo o processo
tarifário do sistema de ônibus da nossa Capital. De primeira mão, eu acho que
tenho uma notícia importante para dar: o Tribunal de Justiça modificou a data
de publicação do edital de licitação do sistema ônibus, que, até então, era
para ser publicado no dia 5 de março, e a informação que eu acabei de receber é
de que houve uma modificação, e passa, então, para dia 27 de março a data da
publicação do edital de licitação do sistema de ônibus.
Primeiro,
eu queria fazer um breve histórico de como foi a tarifa, principalmente do ano
de 2013, porque ela tem uma relação direta com o próprio julgamento do Tribunal
de Contas, e o sistema tarifário que vai ser aplicado agora, no ano de 2014.
Vocês sabem que a data-base dos nossos rodoviários é janeiro, diferentemente de
uma boa parte das cidades brasileiras. Então, nós tivemos, no início de 2013, o
início do dissídio coletivo. Rapidamente, foi celebrado o acordo coletivo. Nós,
logo em seguida, tivemos a primeira cautelar do Tribunal de Contas, que mudou o
impacto do PMM, que é o Percurso Médio Mensal; o decreto anterior, Decreto nº
14.459, determinava que fosse aplicado sobre frota existente, e o Tribunal
determinou que a aplicação do PMM, que engloba a maioria dos custos do sistema
da tarifa, que são folha de pagamento, combustível, carroceria, só esses três
itens praticamente representam 85% do custo final da tarifa. Então, com essa
mudança, em torno de 210 ônibus que ficaram fora do PMM, e o impacto a menor na
tarifa, naquele período, foi de R$ 0,20. Nós fizemos um estudo técnico, e, por
meio dele, a tarifa chegou a ser homologada pelo Prefeito, na época, em R$
3,05. Logo em seguida, nós tivemos desoneração da folha de pagamento, pois a
metodologia de contribuição das empresas passou a ser de 2% sobre o faturamento
bruto; mudou: o que era 20% sobre a folha passou a ser de 2% sobre o
faturamento bruto. Isso dá um impacto negativo, também acentuado. Logo em
seguida, nós tivemos a retirada do PIS e da Cofins e, com uma nova cautelar do
Tribunal de Contas, foi determinado que a gente retirasse da frota reserva a
depreciação e também seguros, e a tarifa voltou a ser de R$ 2,85, que era o
valor da tarifa de 2012. E o Prefeito tomou a decisão e encaminhou a esta
Câmara um projeto de lei, pelo qual a Prefeitura isentava as empresas do ISSQN,
o que representou a retirada de mais R$ 0,05 na tarifa, representando a tarifa
atual que são os R$ 2,80. Isso foi no ano de 2013, anterior inclusive ao
julgamento do Tribunal de Contas que, por uma iniciativa positiva, tinha
marcado o julgamento da matéria de toda auditoria especial para o dia 12 de
fevereiro, e acabou antecipando para praticamente cinco dias antes, acabando
por confirmar todas as medidas que tinham sido aplicadas integralmente na
primeira cautelar, retroagindo na segunda cautelar, na qual tinha determinado a
retirada da depreciação dos veículos da frota reserva e também os seguros.
Então, isso teve o retorno agora, para a tarifa 2014: a depreciação da frota
reserva e mais os seguros que são obrigatórios – um é o DPVAT, e o outro seguro
é uma lei federal, que também determina pagamento de seguro para proteção de
passageiros e contra terceiros. Então, dos dois decretos que já acabam
contemplando a maioria das determinações do Tribunal de Contas, um é a Câmara
de Compensação Tarifária, Decreto nº 18.560, que contempla todas aquelas
determinações do Tribunal de Contas. O Regimento Interno da Câmara de
Compensação Tarifária ficou regulamentado agora através do decreto; e o sistema
de ajuste de contas, que tinha apenas um contrato assinado entre as empresas
operadoras e a EPTC, também passa a ser regulamentado pelo decreto. E também há
a questão do ajuste de contas que o sistema faz para que as empresas operadoras
tenham um fechamento entre a receita e custo. Isso é feito quando tem uma
revisão da tarifa. Então, agora, quando fizermos o ajuste, o encontro das
contas entre a receita das empresas do ano 2013 com o custo das empresas em
2013, sempre há a necessidade de repassar alguns valores entre os operadores,
porque, às vezes, um tem um custo maior e a receita diferente do custo que ele
tem. Então, será feito, provavelmente, no início de abril, e o critério agora é
a devolução em espécie, não mais devolução em serviço, que era o procedimento
adotado até então, e veio contemplar uma orientação, uma sugestão do Tribunal
de Contas, pois, quando a devolução era em serviço, acabava trazendo algumas
insatisfações dos usuários na questão, principalmente quando a Carris tinha que
receber custo. Isso está acontecendo hoje na linha Sesc, que está sendo operada
por outros consórcios, exatamente para devolver o custo para a Companhia
Carris. Então, a partir do novo modelo, vamos determinar esse repasse do custo
para encontrar com os valores de receita através do... E recursos que serão
definidos com parcelas mensais até que todo o custo seja devolvido à empresa
que tem direito a receber.
Como é o princípio do cálculo da tarifa? Já falei
que o que não foi mudado pelo julgamento do Tribunal de Contas foi ratificado
pelo Decreto nº 18.560, que é o que contemplou todas as determinações do
Tribunal de Contas. Então, nós vamos realizar o estudo técnico, agora,
exatamente seguindo o Decreto nº 18.560. Então, o custo final, mais IPK,
passageiro equivalente obtido por levantamento anual de passageiros
transportados. É importante este dado, porque todo o estudo de cálculo
tarifário não é feito com o volume total de passageiros transportados. Num dia
como o de hoje – talvez chovendo não chegue a tanto –, num dia normal de
semana, como hoje, uma quinta-feira, transportam-se, em média, entre 1.320.000
passageiros/dia e 1.350.000 passageiros/dia. Esse é o total de passageiros
transportados, não é o que sinaliza o IPK. O IPK é o dado referente ao
passageiro pagante, aquele que realmente é usado para fins de cálculo do IPK e
acaba sendo a base para cálculo de todo o sistema de custo da operação,
incluindo todo o sistema administrativo, custo operacional, veículos, combustível.
Todo esse cálculo é feito em cima do passageiro pagante, não do passageiro
transportado.
Então, custo variável, mais custo fixo, mais
tributos são itens importantes. Custo variável compreende combustíveis, óleos
lubrificantes e rodagem. Custo fixo: despesas com depreciação, remuneração de
capital, peças e acessórios, pessoal de operação, de manutenção, de
administração, despesas administrativas, remuneração da diretoria, plano de
saúde, outras despesas e seguros. Tributos: temos a Lei Federal nº 12.715, que
dá um impacto de 5% no preço final da tarifa, representado em tributos. Apesar
de todas aquelas mudanças de desoneração, ainda temos hoje um impacto de 5% no
preço final da tarifa, sem contar impostos na cadeia. É por isso que o Reitup é
importantíssimo, porque ele muda praticamente todos os marcos regulatórios e
transforma a possibilidade de desonerar a cadeia do sistema. Um veículo tem IPI
– quando um empresário compra um ônibus –, tem PIS/Cofins embutido na
carroceria; não é imposto direto, mas está na carroceria. Todos os insumos que
são adquiridos pelas empresas têm impostos indiretos embutidos, inclusive 12%
no óleo diesel, de ICMS – que também
através da aprovação do Reitup. E a partir de uma série de critérios que o
Município, que a Cidade tem que atingir, ele pode se credenciar, aderir ao
Reitup. Então, o Reitup não é só um projeto que vem como possibilidade de
desonerar a cadeia de impostos sobre o sistema ônibus, mas ele traz uma série
de critérios que os Municípios devem atingir para poder aderir ao Reitup. Então
isso seria um avanço importante para que o sistema de transporte realmente
tivesse avanços de qualidade, mas também a possibilidade de retirar um custo
muito alto, que é a questão da cadeia de impostos.
Custos variáveis: são importantes os custos
variáveis, porque, quando se fala variáveis, é uma palavra que já dá a noção de
descontrole, como o próprio nome diz.
O cálculo do custo do combustível considera preço
médio mensal coletado pela ANP. Isso foi uma orientação do Tribunal de Contas,
porque, até então, a metodologia utilizada – isso foi até 2012, em 2013 já foi
utilizado esse método – era uma pesquisa feita nos distribuidores. Nós fazíamos
uma pesquisa nos quatro principais distribuidores – a Shell, a BR, a Texaco e a
Ipiranga – e acabávamos fazendo uma média desse custo para colocar o preço do
combustível, que é o óleo diesel utilizado pelas empresas. Isso, às vezes,
gerava algum tipo de ganhos e perdas, dependendo da capacidade de compra das
empresas. Empresas que tinham uma capacidade de negociação boa ou compravam
estoques maiores acabavam ganhando descontos, e isso gerava até um problema,
porque, quando tu pegavas um valor lá do distribuidor, ficava, às vezes, menor
ou maior do que o que as empresas praticavam. Nós definimos que a ANP, que
controla que esses preços nacionalmente e localmente, era o melhor indicador –
e isso foi ratificado pelo Tribunal de Contas – para ser utilizado, haja vista
que a ANP tem um controle nacional e faz o controle de distribuição em cada
região. Então, a Região Metropolitana de Porto Alegre tem um preço mínimo,
médio e um maior. Nós definimos que o preço médio praticado pela ANP é o melhor
indicador a ser utilizado para o índice combustível, o óleo diesel.
Nós temos, hoje, 18 categorias de veículos, ônibus
que operam em Porto Alegre, cada uma tendo um consumo. Então, a partir da
medição individual de cada categoria desses veículos, desses ônibus – apesar de
que 800 modelos que operam hoje em Porto Alegre são de um único modelo –, o
impacto desse modelo é o que mais pesa, e aí, cada veículo tem o custo de
quantos quilômetros ele faz por litro de óleo diesel. Aí, tem que considerar se
ele tem ar-condicionado ou não tem, qual a capacidade do motor, e isso é feito
modelo por modelo, veículo por veículo, para definir quantos quilômetros cada
veículo faz por litro, e aí tu tens o custo quilômetro individual por cada
veículo.
Lubrificante também é muito parecido. Conforme o
consumo de combustível e a quilometragem percorrida tu tens o consumo dos
lubrificantes; apesar de ser muito pequeno o impacto nele, também é um dos
insumos que a gente acompanha, os lubrificantes utilizados tanto para
lubrificar motor como para lubrificar engrenagens, enfim, todo o sistema de
lubrificação.
Cálculo do custo da rodagem considerada. A vida
útil dos pneus, das recapagens, dos preços de pneus, das recapagens por tipo de
veículos e quantidade de pneus, recapagem por tipo de veículo. O que quer dizer
isso? Na verdade, através do estudo que nós fizemos e que também consta lá numa
das determinações do Tribunal de Contas é que, de cinco em cinco anos, o Poder
Público tem que fazer um estudo para atualizar os índices de consumo desses
insumos que são renováveis, tipo combustível; os motores, que avançam na sua
qualificação, diminuem o consumo de combustível; os lubrificantes melhoram suas
performances e também aumenta o tempo, quando troca o óleo do motor, por
exemplo, de um ônibus; o pneu avança tecnologicamente e também aumenta a vida
útil do veículo. Nós elaboramos esse estudo que foi contemplado no decreto que
regula agora a tarifa, o Decreto nº 18.560. Esse novo estudo vai ajudar a
impactar menos a atualização da tarifa agora em 2014; os índices melhoraram e
ele vai ajudar a reduzir o impacto na tarifa.
Custos fixos. O cálculo do custo, peças e
acessórios considera preço médio do veículo, coeficiente de consumo de peças e
acessórios, PMM operacional – o que eu falei antes, que é uma determinação do
Tribunal de Contas, a primeira cautelar que ele deu em 2013 modificando entre
frota operante e frota total; então o PMM
impacta sempre sobre frota operante. E temos um PMM total, que impacta na
depreciação e nos seguros, e que foi também reconhecido que a segunda cautelar
tinha determinado erroneamente.
O cálculo de depreciação e remuneração do capital
considera preço médio dos veículos sem pneus, que é importante, porque, quando
a empresa compra um veículo, vem um jogo completo de pneus, e esses pneus são
considerados para efeito de tempo de vida dos pneus, quando é calculada a
durabilidade desses materiais.
Piso salarial da categoria, encargos sociais, fator
de utilização de benefícios, PMM operacional... O cálculo de custos
administrativos considera preço médio do veículo, valor do plano de saúde,
coeficiente de outras despesas, valor dos seguros, PMM Operacional e PMM Total,
que é a depreciação e despesas com seguro.
O Decreto nº 18.560, que é o decreto que regula toda metodologia da
atualização tarifária, institui o PMM (Percurso Médio Mensal de um ônibus)
sobre frota operante e também o PMM operacional, calculado pela divisão da
rodagem percorrida pela frota total, dividida pela frota operante – importante,
essa é aquela cautelar que o Tribunal determinou. É utilizado como divisor das
despesas de Pessoal (manutenção, operacional e administrativo), remuneração da
diretoria, peças e acessórios, outras despesas e plano de saúde dos
rodoviários. Esse é o PMM da frota operante.
Agora o PMM da
frota total, calculado pela divisão da rodagem percorrida pela frota total,
dividida pela frota total. A partir daí, eles retroagem e só pegam a frota
operante. Utilizado como divisor das despesas de remuneração e depreciação de
capital e seguros, que é só o que impacta sobre frota reserva, que é a
depreciação do veículo, que foi reconhecida pelo Tribunal de Contas, e mais a
questão dos seguros.
Essa, na verdade, é a fórmula para simular o valor
do IPK, depois de fazer toda a pesquisa e detalhamento de todos os insumos. Aí
uma pequena explicação: se pegarmos os últimos dez anos, e quem teve a
oportunidade de assistir à apresentação dos auditores do Tribunal de Contas
pôde ver claramente por que a tarifa sempre subiu mais do que a inflação:
exatamente em função do IPK. Nos últimos dez anos, é sabido por todos que o
passageiro efetivo, que é o passageiro pagante, ele sistematicamente vem
reduzindo – isso acaba impactando, cada vez mais, na frota. Portanto, na
licitação, que é uma grande novidade que vamos fazer, é para mudar a
metodologia do cálculo da tarifa, exatamente retirando o IPK – índice de
passageiro por quilômetro. Ele é usado para que se defina o índice de
passageiro, é o fator de renovação desse passageiro pagante por quilômetro. O
móvel, o passageiro efetivo – média móvel utilizada em 12 meses dos
passageiros, equivalente – é calculado nos 12 meses, dividindo mês a mês, para
que a gente possa ter isso distribuído nos 12 meses. Eu trouxe aqui um gráfico
tipo pizza que mostra os custos em reais, definido por concentração de itens da
planilha. Então, se pegarmos a folha de pagamento das empresas de ônibus,
considerando a tarifa de hoje de R$ 2,80, só em pessoal impacta no preço final
R$ 1,39. Seguros, não chega a nem um centavo; tributos, 14 centavos;
combustíveis e lubrificantes, 45 centavos; pneus e recapagem, 4 centavos;
frota, 76 centavos. Então, vamos ver que o custo da folha de pagamento das
empresas é de 44,18% do preço final da tarifa. Esse outro gráfico tipo pizza
mostra a composição por passageiro que é utilizado, tanto as gratuidades,
quanto todos os passageiros. Então, passe antecipado, 5%, aquele usuário que
tem o cartão da bilhetagem e ele mesmo providencia os créditos para ele;
Integração Trensurb: cada vez vem aumentando mais e temos um convênio
operacional com a Trensurb que é para quem usa o sistema ônibus/metrô e depois metrô/ônibus,
tem 20% de desconto. Hoje isso chega a 1% dos passageiros. Isso dá um ganho
importante. O escolar representa 8% dos passageiros, isso que tem que
multiplicar por dois, porque quando nós falamos 8%, é que o passageiro, como
paga meia tarifa, a cada duas viagens, representa uma viagem gratuita, então,
ele representa 8% das gratuidades.
Integração e segunda viagem, 12%; passe livre, 2%;
idosos de 60 a 64 anos, 6%; idosos acima de 65 anos, constitucional, 6%;
especiais e acompanhantes – que são deficientes e acompanhantes –, 2%. Há
outras gratuidades que não representam nem 1% e não aparecem aí, que são
oficiais de justiça, carteiros, brigadianos, Guardas Municipais fardados,
fiscais da EPTC, que não dão nem 1% do total de uso. Temos ainda um grande
índice de uso comum, que é de 26%; e o vale-transporte, 32% dos passageiros que
utilizam o sistema ônibus.
Este gráfico tipo pizza mostra claramente só as
isenções. Então, passe livre, do total dos 32% das isenções, representa 4,78%
do total das gratuidades; idosos de 60 a 64 anos, pela legislação municipal,
18,85%; idosos de 65 anos ou mais, 17,44%; especiais e acompanhantes,
representam 7,62%. Outros – aí engloba todo aquele grupo que eu falei, 1,13%;
escolar, 13,05%; Integração trem/ônibus, 0,41%; Integração e bilhetagem – que é
a segunda viagem gratuita – representa 36,73%.
Então, eu acho que se juntarem todas as informações
que passamos, mais a apresentação que os auditores do Tribunal de Contas
trouxeram a esta Casa, eu acho que tem material realmente suficiente para que
possamos ter um belo debate em relação ao sistema tarifário.
Eu quero só dizer algumas palavras em relação ao
ano tão difícil que foi o ano de 2013 para toda a equipe técnica que trabalha
na EPTC há muitos anos. Passamos o ano inteiro sob a pecha de ter uma tarifa
com ilegalidades, com distorções, com uma série de palavreados tipo
caixa-preta, e outros adjetivos até piores. E, a partir do julgamento do
Tribunal de Contas, para nós, retornou a tranquilidade. Temos, novamente, a
confiança de realmente estarmos atendendo à legislação, ter cumprido com o
dever de funcionários públicos que somos lá, para termos uma tarifa
transparente.
E um dado interessante: já determinamos a adoção –
a sugestão do Tribunal de Contas sobre o processo da revisão tarifária. Uma
delas é a questão do tempo de permanência do processo técnico para o
conselheiro do Conselho Municipal dos Transportes – Comtu.
A Lei ainda diz – nós vamos encaminhar à Casa para
a alteração esse Projeto de Lei – que o conselheiro deverá receber o processo
24 horas antes da efetiva data da reunião do Conselho. Nós acatamos a sugestão
do Tribunal de Contas; os conselheiros vão receber o processo sete dias antes
da efetiva reunião. No mesmo dia, será publicado na Internet, nas páginas da EPTC e da Prefeitura
Municipal, o processo na sua íntegra, para que todos possam acompanhar e
analisar. Além disso, já está na Internet um passo a passo de como calcular a
tarifa de ônibus, em 32 páginas, é um texto explicativo de como se pode
calcular a tarifa. Com isso, queremos tornar cada vez mais transparente a
questão da tarifa dos ônibus da nossa Cidade, que tem que, realmente, ser
acessível e compreensível para o cidadão. Qualquer cidadão que queira realmente
calcular a tarifa a partir da inserção dos dados oficiais – que provavelmente
daqui a duas semanas deverão estar disponíveis –, será possível, então,
realizar os cálculos.
Bem, agradeço o espaço, Presidente, e estarei à
disposição para responder a alguma dúvida. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Presidente Cappellari. O Ver. Engº
Comassetto está com a palavra.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente; prezado Secretário Vanderlei Cappellari, com quem sempre
tivemos um diálogo – mais restrito ultimamente –, colegas Vereadores e
Vereadoras. Primeiro, quero fazer um registro aqui que foi uma decisão da
CUTHAB, quinta-feira: achamos muito deselegante por parte da Prefeitura e da
EPTC o fato de se negarem a vir à CUTHAB para conversarmos mais de perto sobre
o tema do transporte público. Afinal de contas, a Comissão de Transporte,
Urbanismo e Habitação é a Comissão que trata deste tema aqui na Casa. Primeiro
este registro. Segundo, Cappellari, este tema todos nós sabemos que é
extremamente complexo. É o tema do momento na cidade de Porto Alegre, o tema
deste semestre – o transporte. E nós temos uma compreensão e um conjunto de
sugestões que entendemos que não podemos errar – nós, Cidade como um todo. E aí
nos parece que há alguns elementos conceituais que até o momento não estão bem
claros, talvez para nós e para muitos outros com quem temos discutido. Já está
bem definido, legalmente claro, a partir da decisão inclusive do Tribunal de
Contas, com o aceite da Prefeitura Municipal, que o atual modelo da concessão é
um modelo juridicamente equivocado. Por que equivocado? Porque, com aquele
decreto feito e assinado pelo então Prefeito Fogaça – Decreto nº 14.938, passou
a gestão financeira de bilhetagem eletrônica para a entidade gestora do transporte público. E, a partir daí, creio que o
Poder Público perdeu a capacidade de fazer a gestão e a aplicação dos recursos
na qualidade do transporte público. Bom, o
Tribunal de Contas orienta que a EPTC tem que ser a gestora desse processo – o
que sempre defendemos. Então o primeiro item do edital é esse: se está claro
que a gestão do sistema é pública.
Há um segundo item que gostaríamos de questionar
aqui, a respeito do futuro edital. No edital, conforme a lei federal que
constitui o novo marco regulatório para a mobilidade urbana e o transporte público, que orienta como devem ser os
editais de licitação, diz que deverá prever um estudo técnico da real situação
da região, ou de cada região, já identificando demanda e qualificação do transporte, visando, com isso, a uma maior eficácia
no atendimento das linhas existentes, criando novas alternativas de itinerário.
Bom, nós desconhecemos esse estudo, que tem que preceder o edital para poder
ser feito, e, aqui, nesta Casa, nós temos reprimido, já debatemos com o senhor,
há muito tempo, um conjunto de requalificação de horários nas linhas existentes
e um conjunto de novas linhas demandadas. Portanto, como a lei federal
determina esse estudo prévio para emitir o edital, nós gostaríamos de poder ver
esse estudo prévio, que, se existe, nós desconhecemos.
Para concluir, Sr. Presidente, tem um terceiro eixo
que vem nessa questão da qualidade do transporte
público e, ao mesmo tempo, no preço. Tem duas modelagens aqui: a que Porto
Alegre usa há três, quatro décadas, que é através do IPK, que é a dita planilha
de custos; e a que a licitação e a lei dizem, determinando as bacias e as
linhas, com esse estudo, o menor preço da passagem. Esse é um outro debate que
nós estamos entendendo, politicamente, neste momento, como o mais correto. Então,
gostaríamos de poder aqui fazer esse diálogo. E por último, Sr. Presidente...
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Vereador, por gentileza, há doze Vereadores
inscritos.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Eu sei, mas é uma Questão de Ordem, para o senhor inclusive. Recebemos a
informação agora há pouco, ali, que as senhas para hoje de noite já foram todas
distribuídas. Eu não sei se é verdadeiro isso ou não, gostaria de lhe trazer,
porque isso pode gerar uma polêmica e criar um problema.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Vereador, me surpreende V. Exa. perguntar isso se
nós tratamos na reunião de Mesa como seria o sistema. Mas não é verdade.
O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Boa-tarde a todos e a todas, boa-tarde ao Diretor-Presidente da EPTC,
Vanderlei Cappellari. Saudamos inicialmente esta iniciativa, por parte do
Judiciário, de prorrogar a data oficial do lançamento do edital, coisa que a
própria Lei das Licitações e a Lei das Concessões obriga que o Poder concedente
lance, primeiramente, as informações necessárias, com no mínimo 15 dias úteis
de antecedência ao lançamento do edital, propriamente dito. Então, já faço aqui
o pedido que faria no final, Diretor-Presidente. Hoje, nós estamos na quinta-feira,
amanhã, véspera de feriado, e dia 05, que seria o dia, inicialmente, colocado é
quarta-feira de cinzas; portanto, digamos que hoje é o último dia útil, ou
amanhã é o último dia útil efetivo, em que os servidores da EPTC estarão
trabalhando efetivamente. Então, o que eu gostaria de já colocar como um pedido
aqui da nossa Bancada do Partido dos Trabalhadores: que, se o edital já está
pronto... Eu gostaria que o senhor respondesse. Está praticamente pronto? Não
sei se o senhor concorda? Pode fazer um sinal com a cabeça para mim,
Cappellari? O edital não está praticamente, pronto? Sim. Bom, se ele está
praticamente pronto, que se lance ele publicamente não como um lançamento
oficial e legal, mas que se coloque a público este edital, agora, hoje, se ele
já está pronto, ou dia 05, como previsto, e que, até o dia 27, da data oficial,
então, concedida pela Justiça, se tenha que lançar o edital, até lá tenhamos
tempo para discutir, inclusive com uma nova audiência pública, antes disso.
Eu acho que assim vai ser uma das formas possíveis
para – já deixo aqui o pedido – que a cidadania possa debater. E vejam,
admiradores da livre concorrência, para permitir, inclusive, Ver.ª Mônica, que
outros concorrentes possam ter tempo hábil de entender o que o Executivo Municipal
está colocando como condições para a abertura da licitação. Por que dizemos
isso? Por que da necessidade de tempo? Nós, aqui na Bancada do PT, fizemos um
encontro com especialistas no início desta semana, eu não vou ler aqui, o nosso
Líder Comassetto já colocou alguns pontos, mas a questão da integração, a
questão de indicadores de qualidade devem estar contidos no edital, um sistema
que obrigue o empresário a ser eficiente. Vejam que a ideia de que nós
conseguiríamos controlar, como bem lembra o Renato aqui, o quanto o empresário
vai negociar o óleo usado, que pode ser disponibilizado depois para outros
fins, é uma ilusão. Nós não temos – o Diretor Cappellari me faz sinal positivo
– como controlar o dia a dia da negociação. Nós temos que ter um padrão de
qualidade, e o ar-condicionado deve ser um dos padrões de qualidade; deve haver
formas de controlar este padrão, o controle público disso; fixar a tarifa que
entendemos razoável, e os demais, Ver. Cecchim, que o empresário seja
eficiente. No sistema que hoje está formulado, o empresário não precisa ser
eficiente, porque, ao final do ano, no reajuste da tarifa, faz-se um cálculo;
se baixou o número de passageiros transportados, bom, isso para ele não afeta,
é como se isso não lhe dissesse respeito, quando deve lhe dizer respeito. Ele
tem que ser eficiente, para atrair inclusive mais passageiros para o transporte
coletivo.
Há inúmeros outros temas aqui, o documento está à
disposição para quem quiser. É um documento de duas páginas, fala da
integração, da possibilidade de as linhas serem retomadas pelo Poder Público,
no caso de os padrões de qualidade não serem atendidos; da forma de
remuneração, que deveria deixar o sistema de planilha e ficar pelo sistema de
pagamento pelo serviço; a questão das 36 horas, de isso já estar computado. Que
a licitação deve definir que a operação do sistema DRT deva ser realizada pela
Carris”. Aliás, este é um outro ponto, Vanderlei: vamos licitar por bacias? Nós
estamos vivendo uma mudança neste momento, seja com os BRTs, seja com o futuro
metrô. Então esse sistema de bacias ainda é o ideal? Estou colocando aqui
pontos para mostrar que a discussão tem uma complexidade política e técnica,
então seria extremamente conveniente que a Prefeitura colocasse à disposição
esse edital, que já está pronto, para que a cidadania pudesse debater, o
Município recolher sugestões, e aí, sim, no dia 27, apresentar um edital
definitivo e mais completo. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Clàudio
Janta está com a palavra, por transposição de tempo com a Ver.ª Fernanda
Melchionna.
Solicito que o Ver.
Delegado Cleiton assuma a presidência dos trabalhos.
(O Ver. Delegado
Cleiton assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. CLÀUDIO JANTA: Sr. Presidente, Sr.
Secretário Cappellari, gostaria de agradecer a gentileza e a sensibilidade da
Ver.ª Fernanda Melchionna, que trocou de lugar comigo. Queria saudar o
Secretário e dizer que temos uma série de dificuldades em entender esse novo
cálculo da tarifa já que, no nosso entendimento, nós temos um reajuste. Na
verdade, nessa nova tabela, o custo anterior com pessoal era de 42,1% e agora
passamos de 44,18%. Nós tínhamos um custo de frota de 29%, incluído os carros
reservas, carros que ficavam nas garagens; esse custo foi reduzido para 23,85%.
Nós tínhamos um custo com combustível de 16,1% e agora nós passamos a ter um
custo com combustível de 19,1%. Nós tínhamos um custo com tributos de 12%, e
esta Casa aprovou uma redução, e passamos a ter esse custo com tributos de 5%.
Nós tínhamos um custo com outros de 0,8% e passamos a ter um custo. O custo que
eu tenho para produzir o sapato, o custo que eu tenho para produzir uma calça,
o custo que eu tenho para produzir um carro, o custo que eu tenho para produzir
um paletó, para produzir um quilo de arroz, uma lata de azeite. São custos que
eu tenho. O meu custo era esse, em 2013. Agora o meu custo, em 2014, por
decisão do Tribunal de Contas, passou a ser outro, mas para aumentar o custo de
pessoal, nós teríamos que ter criado empregos novos. Não foi criado nenhum
emprego novo no setor de transporte rodoviário. Pelo contrário, para nós
aumentarmos o custo de combustível, teria que ter aumentado o tanque dos
ônibus, Ver. Paulinho, de 200 litros para 230 litros, ou 240 litros, e não se
tem conhecimento nenhum de que aumentou o tanque dos ônibus. Para nós termos um
custo de outros, nós teríamos que saber quais são os outros. Aí se fala muito
em um custo fixo, mas quando uma pessoa monta a fábrica de sapato, a fábrica da
calça, a fábrica do paletó, do carro, do óleo, do arroz, do feijão, ela não
entra no custo de outros, muito menos o lucro entra no cálculo de uma concessão
pública. Lucro é lucro. Lucro não é uma coisa garantida. Eu não vou abrir uma
empresa em Porto Alegre, uma loja no comércio com a garantia do lucro já
embutida. Eu tenho uma garantia de lucro, mas isso é um “negócio da China”.
Qualquer lojista de Porto Alegre vai querer uma garantia de lucro já no
preço/custo do produto, qualquer lojista vai querer; qualquer dono de
restaurante vai querer. O lucro se faz, no capitalismo, o lucro se faz pela
quantidade, pelo número de viagens. Talvez possa ter despesas de administração,
agora se inclui, no custo fixo, a remuneração do plano de saúde... Mas os
rodoviários vão contribuir agora para o plano de saúde. E aqui não se fala
nesse custo, em nenhum momento nas propagandas externas e internas dos ônibus.
Em nenhum momento se fala. Onde está esse custo? Onde está esse dinheiro que as
empresas faturam? E faturam bem, tanto interna quanto externamente nos seus
ônibus. Nesse custo está a taxa de gerenciamento, nesse custo está o salário da
Diretoria, mas antes era 0,8, agora são 7,96; teve um aumento de 898% o item
outros, 898% o outros! Então eu acho que essa nova planilha tem que voltar a
ser discutida pelo Tribunal de Contas, porque ela não condiz com a diminuição
do custo do transporte coletivo de Porto Alegre. Pelo contrário, ela aumentou,
por esses números, o custo do transporte coletivo de Porto Alegre. Novamente, o
povo de Porto Alegre está subsidiando o lucro sem nenhum risco. É um serviço
que não tem risco nenhum. Todas as cadeias produtivas de Porto Alegre –
lojistas, industriários, comerciantes – queriam ter um negócio desses: já com o
seu lucro garantido, com seu lucro embutido, onde a população irá pagar. Com
força e fé nós vamos melhorar a vida do povo e principalmente o transporte da
nossa Cidade.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Boa-tarde a todos e todas, quero cumprimentar o
Secretário e dizer que nós saudamos a sua presença aqui na tarde de hoje, mas
lamentamos profundamente a ausência da EPTC na terça-feira, na CUTHAB, quando
esta Câmara, que tem uma Comissão Representativa para tratar o tema do
transporte, sobretudo da licitação, faria uma audiência a pedido da Bancada do
PSOL. A Comissão é presidida pelo Ver. Paulinho Motorista. Lamentavelmente,
ninguém da EPTC, nenhum assessor, nenhum integrante da EPTC pôde vir apresentar
para os Vereadores e Vereadoras desta Casa algo tão importante, que é a
discussão do modelo de licitação. Talvez, porque a ideia seja não discuti-lo, e
nós esperamos que não seja essa posição política da Prefeitura, porque, afinal,
nós estamos fazendo esta discussão na tarde de hoje a partir de um amplo
processo de mobilização que começou em Porto Alegre, quando milhares de jovens
estiveram nas ruas e questionaram os aumentos abusivos das tarifas. Quantas
vezes, Secretário, se debatiam em programas, nesta Câmara, anos e anos, os
aumentos absurdos da passagem e, infelizmente, nunca tivemos nenhuma guarida no
Poder público, no sentido de combater o lucro ilegal dos empresários e garantir
um sistema de transporte que avançasse, no sentido de garantir uma gestão
pública, um controle público da bilhetagem, e, sobretudo, o avanço das linhas
da Carris, que hoje tem 22% de todas as linhas do sistema de transporte
coletivo. Quando o senhor deu o histórico, vi que nós precisamos fazer algumas
correções. Porto Alegre reduziu a tarifa – porque a Prefeitura sancionou o
aumento para R$ 3,05 – a partir de uma mobilização gigante da juventude e de
uma ação jurídica e política da bancada do PSOL. No dia 4 de abril, reduziu
para R$ 2,85, muito antes da isenção do PIS e da Cofins. E eu não faço essa
correção por uma questão de méritos – ainda que pudesse fazê-la, porque foi
todo um trabalho da nossa bancada e uma luta da juventude –, mas porque o PIS e
a Cofins foram rebaixados em maio de 2013. Portanto, a passagem, que estava em
R$ 2,85, deveria ter sido mais reduzida. Houve uma decisão do Judiciário de
reduzir a tarifa em Porto Alegre, diante do óbvio e ululante sistema ilegal de
transporte coletivo, que funciona à margem da lei de licitações. Esse era o objeto
da ação do pessoal desde 2011, e nós ganhamos uma liminar com base nessa
contestação e na argumentação dos lucros ilegais, trazidos à tona pelo Tribunal
de Contas do Estado. Desses eu vou falar mais à noite, na audiência. Mas, neste
momento, eu gostaria de perguntar à EPTC sobre a questão do PIS e da Cofins,
que não foram reduzidos da tarifa, porque depois houve o projeto que reduziu o
ISSQN, que inclusive levaria a passagem a R$ 2,78. A cada passagem, os
empresários ganham R$ 0,02 que não são calculados, porque R$ 0,02, para cada
um, é pouco, mas, em um montante de passageiros diários, são milhares de reais,
somados com um sistema que não diminuiu a sua margem de lucro, mesmo com a
decisão do Judiciário, no dia 4 de abril; ao contrário, com a redução do PIS e
do Cofins, que deveria ter reduzido mais a tarifa, manteve a margem de lucro.
Manteve a margem de lucro porque várias empresas também anunciaram que não
investiram na frota, em função da redução da tarifa, em 2013, em Porto Alegre.
E nós sabemos os interesses dos empresários pelos lucros fartos; agora, a
Prefeitura, que deveria ter a caneta para olhar para a planilha do trabalhador,
que deveria, no processo de mobilização e de comoção da sociedade, discutir os
temas estruturais da licitação, que são controle público, bilhetagem pública,
36 horas para os rodoviários, para não gerar nenhum tipo de desemprego. O tema
central é pegar os lucros ilegais, que são milhões de reais, e encampar,
comprar ônibus para ampliar a participação da Carris no sistema de transporte.
As questões estruturais são tirar a verba de publicidade da mão dos empresários
e colocar no plano de saúde, de fato, dos rodoviários. Os temas estruturais são
a questão da qualidade e a possibilidade de a população, de fato, interferir
nesse processo de planilha, e não só como era até antigamente, em que os
conselheiros recebiam 48 horas no Comtu, majoritariamente governista,
empresarial, que votava a favor do aumento da passagem, e o povo pagava uma
tarifa mais cara. Só que a Prefeitura, ao invés de estar fazendo isso, bota o
bode na sala do ar-condicionado, apresenta a planilha, mas não apresenta o
edital de licitações, não vem à Câmara quando os Vereadores querem discutir a
proposta de licitação. E isso nos parece que esse processo de licitação não
servirá para avançar naquilo que nós queremos, que é o transporte cem por cento
público, numa transição, evidentemente, e, por enquanto, um sistema de
transporte que respeite os trabalhadores, a população, tarifas mais baratas e
melhor qualidade no serviço. Ao contrário, parece que todo esse jogo de segredo
aponta para uma licitação de cartas marcadas.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): A Ver.ª Lourdes Sprenger está com a palavra.
A SRA. LOURDES
SPRENGER: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs, Vereadores, Presidente
Cappellari, são, na realidade, duas perguntas, para explicar melhor como ficou
a câmara de compensação tarifária nesse rateio para a Carris, e também no que
tanto se fala, da isenção de passagens, das pessoas que têm direito a essa
isenção, se esse controle vai ficar com a Prefeitura ou vai continuar sendo o
sistema antigo, controlado pelas empresas de transportes.
Seriam essas duas perguntas que eu queria lhe
fazer, para que o senhor explicitasse melhor. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Idenir Cecchim está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. IDENIR
CECCHIM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, Secretário
Cappellari; eu não faço parte da CUTHAB, que se reúne nas terças-feiras, mas,
certamente, Ver.ª Fernanda, não foi nenhuma indelicadeza do Secretário não ter
comparecido, tendo em vista que hoje ele estaria aqui. Queria até pedir a
compreensão de vocês. Hoje, todo o plenário tem a oportunidade de ouvir, de
questionar aquilo que a Comissão faria com muita competência, mas eu imagino
que, como foi alargada essa oportunidade, não temos muito que reclamar do
Secretário. Não teria muito sentido fazer duas explanações: uma na terça, e
outra na quinta. Como só tem quarta-feira no meio, as informações demoraram
apenas 24 horas para serem dadas de uma forma mais ampla.
Eu queria ocupar esta tribuna, mesmo tendo o
Cappellari aqui hoje, com um assunto muito importante, fazendo um desabafo que
esta Cidade está precisando fazer. E não é porque morreu o empresário Laírson
Kunzler, chegando a sua casa, que nós estamos fazendo isso. Todos os dias, tem
assassinatos na Cidade em todos os locais. Muitas vezes não são empresários,
não são pessoas conhecidas, e passam despercebidos, mas, todos os dias, nós
temos gente sendo atacada, fuzilada, e nada se faz. Que bom que já estão
identificados os assassinos do empresário Laírson! Que bom que a polícia fez
isso, mas que fizesse e que o Governo lhe desse mais condições para proteger a
Cidade. Não é possível que não se tenha o direito de sair do banco. O cidadão
não tem mais o direito de sacar dinheiro no banco. Eu não sei o que ele vai
fazer, onde é que ele vai buscar dinheiro se ele não pode mais ir ao banco,
porque não tem segurança. Quando o banco é assaltado, aparece helicóptero,
avião, Brigada, polícia, todo o mundo vai atrás dos assaltantes de banco.
Agora, quando assaltantes assaltam um cidadão comum, ele fica sem segurança.
Com muita sorte, depois que ele é assassinado, se vai procurar o culpado. Acho
que nós temos que fazer como se faz a segurança dos bancos; começar a fazer
segurança para o cidadão. Custa muito dinheiro? Custa. Querem cobrar segurança
para os estádios de futebol, então que cobrem segurança dos bancos também! É
assim? Então, que se faça de uma maneira democrática, se dê segurança para os
bancos, mas não se deixe de dar segurança para o cidadão que sai do banco com
dinheiro. As coisas estão todas invertidas – as coisas estão invertidas! –, e o
cidadão está atirado à sua própria sorte. Era esse o desabafo que queria fazer,
Secretário Cappellari.
E quero dizer que, realmente, quem começou a fazer
esse questionamento foram dois Vereadores da Casa. Mas o Tribunal de Contas eu
acho que não deixa mais dúvida. Nós estamos ouvindo e seguindo recomendações do
Tribunal de Contas do Estado, com participação de procuradoria, promotoria, o
mundo participou para que se abrisse a planilha. Acho que aí não tem muito que
discutir, acho que aqui a sociedade toda está atendida. Até o Judiciário
determinou a realização da licitação para as empresas de ônibus, e a Prefeitura
vai cumprir. Pediu prorrogação, mas, se não tiver, vai cumprir. Estamos
fazendo... Quer dizer, estamos, o Secretário; eu não estou fazendo nada mais do
que a minha obrigação de acompanhar. Mas o Secretário, a Prefeitura está
fazendo o que determinou o Tribunal de Contas, o Ministério Público de Contas,
o Ministério Público, o Judiciário, o Conselho do Orçamento Participativo, os
Vereadores estão aqui participando. Eu acho que essas perguntas que foram
feitas aqui serão respondidas pelo Secretário, Ver.ª Lourdes. É isso que nós
temos que fazer: esclarecer. A população precisa saber e vai saber tim-tim por
tim-tim; vai saber, inclusive, por que custa dez centavos a mais com
ar-condicionado. Porque esse negócio de ar-condicionado, Ver. Sgarbossa, eu não
vejo nenhuma escola com ar-condicionado, eu não vejo tantas instituições com
ar-condicionado. Eu, quando cheguei à SMIC, por exemplo, não tinha nenhum
ar-condicionado para os trabalhadores poderem desempenhar o serviço. Eu acho
que essa é uma questão de discussão, de prioridade, e agora nós estamos tendo a
prioridade de saber das coisas, de participar dessa discussão que a Cidade está
tendo.
Secretário Cappellari, que bom que o senhor possa
chegar a bom termo sobre isso, tratar do assunto “ônibus e transporte” e poder
cuidar da mobilidade da Cidade. V. Exa. tem muito trabalho e, certamente, vai
fazê-lo. Terminado esse capítulo do transporte coletivo, vamos cuidar da
mobilidade da Cidade, que a Cidade está esperando por isso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU
BRASINHA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Sr. Secretário
Vanderlei Cappellari; é meu motivo de alegria, Secretário, porque o senhor
levou o debate a todos os cantos da Cidade, são 23 debates, e o mais legítimo
debate foi no Orçamento Participativo. Eu quero dar os parabéns ao Secretário
Cappellari pela transparência. Nós, segunda-feira, estávamos com o senhor no
CTG, lá no parque de Ipanema. Era meia-noite, e o senhor ainda estava lá
atendendo aos cidadãos, respondendo as diversas perguntas que a Cidade, a
comunidade fazia ao senhor. Na terça-feira – eu sou membro da CUTHAB, eu e o
Ver. Delegado Cleiton –, eu falei que tinha certeza absoluta de que o
Secretário talvez não tivesse tido oportunidade de vir pelo tamanho da demanda
que tem todos os dias. Realmente, é um secretário que se faz presente todas as
vezes que se convoca ou que se pede alguma apresentação; o Secretário
Cappellari está sempre presente. Acho que o Secretário Cappellari tem muitos
pontos no seu trabalho porque ele não é de deixar de comparecer a esta Casa;
tanto na CUTHAB como nas outras Comissões, o Secretário sempre está presente.
Secretário, eu sou do PTB e estou usando o espaço
do meu Líder, Cassio “Astrogildo”; o Ver. Paulinho Brum, o Ver. Elizandro
Sabino, o Ver. Roni, o nosso Secretário Humberto Goulart e o Secretário da
Saúde, Carlos Casartelli, que também tem feito muito por esta Cidade, embora
outras pessoas digam que não, mas ele tem feito muito.
Secretário Cappellari, eu costumo dizer que o
senhor é um homem que trabalha muito, e não é porque o senhor está na minha
frente, falo isso todas as vezes, pois fico impressionado com a atenção que o
senhor dá para a comunidade, para as pessoas. O dia teria que ter 48 horas para
o senhor dar um atendimento para todos porque demanda aparece de todos os
lados.
Então, Ver. Paulinho, Ver.ª Fernanda, quero dizer
que não foi má-vontade do Secretário, porque hoje o Secretário está aqui,e vai
estar logo mais aqui. Para nos vermos a boa vontade que o Secretário Cappellari
tem, diferentemente do outro Secretário que nós tínhamos, que era o Senna, para
quem a gente pedia – ele era muito simpático, mas não fazia acontecer. Eu não
sei quantas vezes falei e pedi para abrir a Rua Ramiro Barcelos; o Secretário
Cappellari abriu, e está funcionando muito bem a Ramiro Barcelos. Pronto,
acabou o problema! A Nilo Peçanha, que tinha aquele gargalo ali, também era um
problema. O nosso querido amigo Senna não queria fazer; lá foi o Cappellari
desempenhar a sua função, fez a Cidade andar, o que é muito importante para
nós, a mobilidade urbana é muito importante para o cidadão porto-alegrense.
Quero dizer para o senhor, Cappellari, que tenho
certeza absoluta de que essa audiência pública vai correr na maior
tranquilidade porque o senhor já debateu nas 17 Regiões, fez 23 debates, já
está muito bem esclarecido. Parabéns, pois senhor levou esse debate ao
Orçamento Participativo, fez esse debate pela Cidade, nas comunidades, nas
ruas, nos bairros.
Quero lhe agradecer e agradecer ao meu Presidente,
que está conduzindo os trabalhos, e dizer aos senhores, Paulinho, que o motivo
é importante, e sabemos o quanto é importante, porque tu és um representante da
classe e sabes que é importante ter um meio de transporte com qualidade,
tranquilidade e bem-estar. Então, que seja bem-vinda essa nova licitação. Se é
para o bem da Cidade, se é para o bem do povo, se é para o bem do
porto-alegrense, se é para o bem do Rio Grande, que venha a licitação sem
problema nenhum! Obrigado, senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Kevin Krieger está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. KEVIN
KRIEGER: Boa-tarde. Eu queria cumprimentar o Presidente, Ver. Cleiton; o nosso
Secretário Vanderlei Cappellari; todos os Vereadores e Vereadoras, e todos que
nos assistem no plenário e pela TV Câmara. Quero dizer, Vanderlei Cappellari,
meu ex-colega – fui seu colega durante algum tempo –, que sempre encontrei na
EPTC uma grande parceira da Fundação de Assistência Social e Cidadania. Eu queria
reforçar as palavras do Ver. Idenir Cecchim em relação ao que a Prefeitura vem
fazendo ao longo deste ano e do ano passado, que é um trabalho tão complexo,
porque se fosse fácil outros governos já o teriam feito. Essa que é a
realidade.
Mas com todo o Relatório e as recomendações do
Tribunal de Contas do Estado, o senhor e o Prefeito Fortunati tomaram a decisão
de seguir à risca esse Relatório. E fizeram toda a construção do edital de
licitação, que ainda não está pronto, mas se tem uma ideia desse edital. Claro
que com a audiência pública, com todas as rodadas do Orçamento Participativo –
a EPTC participou das 17 rodadas das regiões, das seis temáticas e da reunião
do COP; ou seja, são 23 rodadas com as lideranças da Cidade, as lideranças,
Ver. Reginaldo Pujol, do Orçamento Participativo, que são quem demandam e fazem
a diferença nos serviços públicos da nossa Cidade e que conhecem o território e
conhecem, sim, o transporte público, Ver. Paulinho. Infelizmente, nós tivemos
alguns Vereadores que criticaram essa posição do Governo de escutar o Orçamento
Participativo. Mas nós respeitamos a população e respeitamos a participação dos
cidadãos da nossa Cidade.
Quero também parabenizar, Cappellari, a iniciativa
da EPTC e da Prefeitura de solicitarem ao Judiciário um prazo um pouco maior
para que pudessem cumprir com todas as exigências legais e, assim, reduzir o
risco em relação a que esse processo licitatório possa vir a ser contestado na
Justiça. Essa foi mais uma atitude importante do Governo e de muita transparência.
Isso foi muito importante para que pudéssemos ter os prazos legais definidos em
relação à nossa licitação, Ver. Paulinho. E o mais importante de tudo isso, que
eu considero, é que nós estamos escutando a população e que nós estamos
escutando a comunidade. Hoje, teremos a audiência pública para tratar desse
assunto, e, quando o Ver. Professor Garcia estava presidindo uma de nossas
sessões plenárias, eu fiz questão de ligar ao Cappellari para dar um retorno
para o Presidente Professor Garcia, e naquele mesmo momento, tu me disseste:
“Kevin, vamos marcar a audiência pública para o dia 27, pois já estamos
preparados.” Mais uma vez, mostrando que o Secretário Vanderlei Cappellari
sempre esteve à disposição, como está hoje neste plenário, para todos os Vereadores
desta Casa poderem questionar, sugerir e buscar o melhor para o sistema de
transporte público da nossa Capital. Então, Cappellari, os nossos
agradecimentos por tua disponibilidade de poder estar conosco. E, como vários
Vereadores falaram, tu és um dos secretários que está sempre à disposição, como
a maioria do nosso secretariado municipal, que quando aqui é chamado procura
vir e fazer todos os esclarecimentos que os Vereadores desejam. Conta conosco!
Sem dúvida nenhuma, essa licitação, esse processo complexo vai melhorar o nosso
sistema de transporte da Capital, que já é considerado – diga-se de passagem –
um dos melhores do Brasil. Isso a gente nunca pode deixar de lembrar. Apesar de
todas as questões que nós temos enfrentado, Ver. Pujol, nos últimos meses, no
ano passado, sabemos que Porto Alegre tem um dos melhores sistemas de
transporte coletivo; e vai melhorar!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): O Ver. Mario Fraga está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. MARIO FRAGA: Boa-tarde,
Ver. Delegado Cleiton, Vice-Presidente da Casa; Secretário Vanderlei
Cappellari; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, público nas galerias e público
que nos assiste pela TVCâmara. Eu queria explicar como está funcionando agora,
porque eu pedi Liderança, mas sou um dos 12 Vereadores inscritos para falar com
o Secretário Cappellari neste momento aqui. E também quero esclarecer que à
noite estaremos aqui para ouvir a comunidade em audiência pública. Inscrevi-me
em Liderança, já que outros Vereadores falaram em Liderança, e, hoje, pelo
sistema de rodízio implementado pela nossa Bancada, através do Márcio Bins Ely,
nosso Líder, era o meu dia. Então, eu queria dizer, Cappellari, que mesmo que
esse processo tenha sido adiantado, não tenha sido nos moldes que o nosso
Governo queria, porque foi apressado pelo Tribunal de Contas, pelo Ministério
Público e por outros fatores que estão relacionados neste processo, a licitação
poderá até ser anulada. Eu dou parabéns ao Desembargador Caníbal, até porque é
uma causa muito importante, pelo seu retorno das férias, não porque ele
apressou o Governo a fazer licitação agora no próximo dia 5 de março. Dou os
parabéns porque ele volta das férias, analisa um pedido da Prefeitura para que
este edital não saia agora dia 5 de março. No ver deste Vereador, é o que não
deve acontecer, Ver. Kevin, não sair esta licitação agora no dia 5, para que a
gente possa aprimorar mais. Então, este é um aparte que faço na minha fala.
Quanto à presença do Secretário Cappellari aqui na
Casa, eu acho muito importante neste dia. Deu a casualidade de o Cappellari
estar para hoje e ter audiência pública hoje aqui na Casa. Então, o Secretário
passa o dia aqui conosco, para nós é muito importante e, à noite, nós vamos
escutar a comunidade.
Mas eu queria dizer, neste primeiro momento, que eu
espero que o Desembargador Caníbal nos dê mais prazo, para nós, Prefeitura,
nós, Governo, e vocês, EPTC, para que esse edital possa não sair tão às
pressas. Eu queria falar sobre algumas coisas que eu li desse novo edital, como
o GPS... E esclarecer, Ver. Paulinho Motorista, que nós que moramos lá no
Extremo-Sul – eu moro em Belém Novo, e, hoje, graças a Deus, eu não uso muito o
ônibus –, temos que esperar em torno de uma hora e vinte minutos porque os
ônibus demoram muito. E quem mora lá no Lami, como o meu estagiário Douglas,
espera até uma hora e quarenta, não é Secretário Cappellari? Então, essa nova
licitação, com algumas coisas que o Governo está colocando, como o GPS, o
número de passageiros por metro quadrado – o Ver. Reginaldo Pujol não conseguia
entender aquele metro quadrado que era de seis pessoas por metro quadrado,
agora vai passar para quatro pessoas, mas é um metro quadrado meio linear, meio
diferente do metro quadrado a que estamos acostumados aqui –, vai tentar dar
mais conforto, Ver. Paulinho Motorista, para os passageiros que V. Exa tanto
transportou.
Eu acho que o mais importante, Secretário
Cappellari, é a pressão que V. Sa. sofre dos Vereadores e das Vereadoras aqui
na Casa para a adequação das linhas e dos novos itinerários. Todos nós temos
dificuldades e temos amigos que não têm ônibus que passe perto de suas
moradias, e hoje para mudarmos qualquer coisa nesse sentido.... Eu já estou
aqui na Casa há algum tempo, e consegui uma vez alterar, com o Secretário
Cappellarri, uma linha lá na Volta do Guerrino, na Itiberê da Cunha, mas eu
nunca tinha conseguido alterar uma linha.
Lá na nossa comunidade, no Extremo-Sul, nós ainda
temos algumas dificuldades no trajeto, mas nunca conseguimos alterá-lo. Agora,
com essa nova licitação, eu acho que vai ser um momento muito importante para
adequar essas linhas que temos em toda a região, tanto no Sul quanto no Norte,
nos extremos da nossa Cidade. Nós devemos alterar essas linhas. Então, Secretário
Cappellari, hoje à noite, vou estar aqui com V. Sa. e com outros Vereadores
para a gente escutar. Nós mesmos, Vereadores, que somos 36, cada um tem uma
ideia. Agora, quando as comunidades vierem aqui para a audiência pública, que é
o espaço que o Governo está dando. E assim mesmo, nós fizemos – não é,
Secretário? –, a pedido da Câmara de Vereadores, ao Prefeito Fortunati, que se
fizesse essa audiência quase num prazo muito pequeno, porque, na verdade, nós
precisaríamos de 15 dias para colocar o edital na rua, mais 15 dias de prazo, e
aí a audiência pública não sairia no dia de hoje.
Então, o nosso governo está fazendo a sua parte,
mas tem Vereadores que estão tristes, porque a licitação vai sair, Ver.
Brasinha. A licitação vai sair na cidade de Porto Alegre! Quem é que fez isso?
Quem fez a licitação, até hoje, em Porto Alegre? Ninguém fez a licitação em
Porto Alegre. Outros partidos não fizeram – e aqui é bem claro –, como o
Partido dos Trabalhadores, que ficou 16 anos no Governo e a licitação não saiu.
Então, hoje, no Governo Fogaça e no Governo Fortunati, a licitação vai sair. De
um jeito ou de outro, a licitação vai sair. Inclusive, quando eu falo de um
jeito ou de outro, é que hoje à noite não aconteça nada para atrapalhar essa
licitação. Repito: que hoje à noite não aconteça nada para atrapalhar essa
licitação. E, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público estão
acompanhando, eu acredito que não acontecerá nada.
Então, nós – em especial nós, Vereadores do PDT:
Delegado Cleiton, Ver. Márcio Bins Ely, Nereu D’Avila, Dr. Thiago – estamos
contentes, neste momento em que a licitação vem à tona; esperamos também que
quem ganhar a licitação tenha condições, porque nós também ficamos preocupados
quando o menor preço está em vigor.
Eu já fui Diretor desta Casa, e, quando fazemos
licitação – e hoje é este sistema ainda, Delegado Cleiton, do menor preço –,
quantas empresas ganharam a licitação e a abandonaram depois? Eu me lembro
aqui, hoje – casualmente, o Nelcir Tessaro não está na tribuna, mas ele está
sempre conosco aqui –, quando eu fui Diretor dele e ele Presidente da Casa,
como foi para nós fazermos essa mudança de painel, do visual aqui da
presidência; duas ou três licitações foram feitas, empresas vieram aqui por
causa desse mármore que está aí. Se o Tessaro hoje tem cabelo branco, foi por
causa de uma dessas coisas aqui. Não tem condições de uma empresa, às vezes,
ganhar uma licitação, como uma licitação dessa magnitude, do transporte
coletivo dos ônibus em Porto Alegre.
Então, eu vejo que o nosso governo está acertando,
tenho certeza, e, também tenho que dar os parabéns, pois a EPTC nas mãos do
Cappellari melhorou bastante.
Sabemos que o trânsito é complicado. Hoje, pela
manhã, um dia de chuva, vim pela Cavalhada, de Belém Novo, de carro, e em dois
momentos eu tive que entrar no corredor azul, na faixa azul. Talvez,
Cappellari, seja uma coisa que a gente possa estudar.
(Aparte antirregimental.)
O SR. MARIO
FRAGA: Mas os azuizinhos não estavam no momento!
É só para dizer que eu não estou aqui pelo governo
para falar só coisas boas. Hoje de manhã enfrentei um trânsito difícil, vim de
Belém Novo, e demorei uma hora para chegar aqui, e de carro. Então, depois do
carnaval, Cappellari, até poderia se colocar mais azuizinhos para cuidar dessa
faixa azul, porque, às vezes, a faixa está livre e os carros não estão andando.
Em relação à concorrência pública é isso. Espero
que os Vereadores deixem a licitação acontecer para que o transporte coletivo
em Porto Alegre seja licitado, o que deveria ter sido feito há muito tempo.
Nenhum governo fez isso, e o nosso governo está fazendo. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Obrigado, Ver. Mario Fraga.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu não poderia
deixar de cumprimentar o meu ex-Diretor, Cappellari, com quem trabalhei durante
quatro anos, quando fizemos um trabalho maravilhoso com aquelas crianças,
aqueles jovens. Não poderia deixar de te dar os meus parabéns. Hoje está aqui
conosco, vai estar no debate, e que seja um debate com muita paz, porque quem
ganha com isso é Porto Alegre, é a população de Porto Alegre. Obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Delegado Cleiton): Ver. Tarciso, sempre gentil, só não era gentil com
o meu time, mas tudo bem! É um defeito seu.
A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. JUSSARA
CONY: Em nome da bancada do PCdoB, boa-tarde aos Vereadores e às Vereadoras,
à Mesa, ao nosso Presidente e ao Secretário Cappellari. São, basicamente, três
questões aqui. Nós levamos, ao Orçamento Participativo do Centro, algumas
considerações para contribuir com a solução de um transporte
público de qualidade para a cidade de Porto Alegre, com tarifa justa; mas nos
cabem, neste momento de apresentação, três questões.
Primeiro, sobre o controle de isenções feitas pela
ATP. Observando o gráfico apresentado, Secretário Cappellari, achamos que tem
um erro de cálculo: que não chega ao 68% de pagantes, pelo menos do modo como
foi explicado. Então nós não conseguimos entender, talvez por dificuldades,
mas, por não termos entendido – ainda mais num momento como este, já que vamos
ter uma audiência pública hoje à
noite para buscar contribuir no sentido do nosso transporte
coletivo –, deixo-lhe, então, esse questionamento.
O fato de a ATP também controlar as isenções
demonstra o que achamos, que existem distorções. Por exemplo, segundo o gráfico
– eu não estou conseguindo entender –, há mais idosos do que estudantes andando
de ônibus em Porto Alegre. Há um percentual de 12% de idosos para 8% de
estudantes, sendo que nós temos uma malha estudantil intensa em Porto Alegre, e
nem todos os estudantes moram perto do seu local de estudo.
Terceiro, o Tribunal de Contas identificou que
existem empresários com lucros três vezes
maiores do que o estabelecido. E, também, o controle do número de passageiros e
de isenções é da ATP, o que pode gerar distorções. Nós já lhe dissemos, quando
contribuímos com a participação no OP, que achamos que a EPTC tem que atuar
como coordenadora e controladora do sistema de transporte
público. Porque é público, não é? E ela tem que ser a coordenadora, investir no
público, na gestão pública, e, com certeza, vamos garantir mais qualidade,
preço justo, etc.
Então a pergunta é: o TCE identificou que tem
empresários com esse lucro ou a nova modelagem tarifária – isso é que eu queria
saber – vai prever que os lucros acima do estabelecido pelo cálculo serão
investidos no Fundo da Câmara de Compensação Tarifária? É também uma pergunta.
Seria importante porque poderia reduzir o valor da tarifa.
Por fim, também o que no OP dissemos, e gostaria,
de novamente, trazer aqui: o ar-condicionado para nós é investimento; o
ar-condicionado não pode ser entendido, sob o ponto de vista do transporte de
público de qualidade, como um gasto, pois ele é um investimento, sob o ponto de
vista público, e isso tem que ser discutido com as concessionárias. Aí, também
nos parece que esse é um dado, um elemento importante para a licitação.
Primeiro, porque vai tirar carros das ruas chamando pela qualidade, isso aí é
inquestionável. Segundo, essa qualidade nós vamos conseguir em Porto Alegre e
levar para todos. E, terceiro, eu acho que é um exemplo mesmo: por que a Carris
tem o maior índice de passageiros? Porque ela tem mais qualidade. E aí, entra
também nessa licitação, o olhar do significado da Carris como reguladora do
mercado – eu acho que é um momento importantíssimo –, tanto como reguladora de
preço justo, como da qualidade do serviço, e, consequentemente, a importância do
Poder Público. E nós, Vereadores, também fazemos parte de um processo como
este: olhar para a Carris com muito cuidado, para que ela tenha maior
qualidade, e outras questões em que, talvez de noite, a gente se aprofunde,
quando ela se torna deficitária, e nós não queremos que uma empresa pública se
torne deficitária.
Então são essas questões que a nossa bancada
observou com a minha presença e da assessoria, e que nós gostaríamos de deixar
aqui para, no que for possível ser respondido, e também como uma contribuição,
para que se pense coletivamente, principalmente na questão do ar-condicionado,
que, para mim, é investimento, e nós temos que olhar como tal, como Poder
Público.
(Não revisado pela oradora.)
(O Ver. Professor Garcia reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, senhoras e senhores Vereadores,
pacientemente eu aguardei este momento, permitindo que vários colegas que
tinham mais pressa do que nós, utilizassem a liderança para fazer as suas
manifestações. A minha paciência tinha uma razão de ser. Eu queria ficar, como
efetivamente estou, estritamente vinculado ao tema que traz até nós o Vanderlei
Cappellari, Diretor-Presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação,
que é a Apresentação da Metodologia de Cálculo Tarifário do Sistema de
Transporte Público por ônibus em Porto Alegre.
É lógico que a presença do Cappellari entre nós faz
com que o assunto se agigante e que a tentação de falar sobre licitação,
editais, não seja suportada. Então, colegas entraram nesse campo que eu não
quero entrar no presente momento, a não ser para cumprimentar o Município por
ter conseguido essa dilatação por 30 dias para a apresentação do edital, que é
algo que há mais tempo já deveria ter sido deferido, para retirar o Município
do sufoco, para permitir que ele cumpra por inteiro com as regras legais que
estabelecem a matéria e para que, ao final e ao cabo, não se realize aquela
posição negativa que o adágio popular diz: “o apressado come cru” e que o cru
leva à indigestão. Que a licitação, em vez de solução, seja uma indigestão.
Teremos mais tempo para conversar.
Quanto ao tema em si, a apresentação da Metodologia
de Cálculo Tarifário do Sistema de Transporte Público por ônibus em Porto
Alegre, quero dizer que é da maior atualidade, até porque o próprio Tribunal de
Contas do Estado, que está sendo muito respeitado pelo Município de Porto
Alegre, no seu relatório final, de forma muito sutil, mas muito responsável,
faz correções de equívocos feitos no passado, sendo que o maior de todos, Ver.
Nereu D’Avila, é a que reconhece a absoluta necessidade de o sistema ter
equipamentos estrategicamente colocados na reserva para atuar em qualquer
circunstância, sob pena de prejudicar o sistema como um todo. Pois agora o
Tribunal de Contas do Estado, de forma muito expressa, reconhece a necessidade
e a conveniência da existência da chamada frota reserva e estabelece um limite
de 10% do total da frota operante para que isso ocorra. Limite esse, que se
ontem ou hoje foi ultrapassado, foi minimante, eu acredito que nem tenha sido,
pelo que conheço.
Assim, meu caro Cappellari, a discussão toma corpo. E numa casa política como esta em que estamos aqui por determinação da legislação eleitoral e da vontade do eleitor porto-alegrense que fez os 36 Vereadores na nossa figura, nós que estamos aqui temos que reconhecer que aqui vai ter conflito político. E como observei hoje a renovação de afirmações com as quais eu tenho absoluta discordância, eu não posso deixar de fazer este registro, antes de fazer algum questionamento. Eu ouvi, V. Exa. ouviu, e, muito provavelmente, quem nos ouve em casa ouviu também as manifestações no sentido de que se continua querendo que as empresas que operam o sistema de transporte coletivo em Porto Alegre não tenham lucro. Ora, Sr. Presidente, empresário que não encontra o lucro, não busca o resultado, não é mais empresário, é falido, está fora do sistema. E nós não queremos a falência do sistema de transporte coletivo em Porto Alegre, porque, inclusive, as próprias regras federais que estabelecem, pede que se licitem empresas, porque é uma concessão nacional, a empresa privada tem que operar o transporte coletivo nas grandes, médias e nas pequenas cidades. Por isso, meu caro, Cappellari, saiba V. Exa. que tenho algumas posições muito claramente colocadas: quando as pessoas se assustam com afirmações que muitos fazem aqui na casa, porque há Vereadores que defendem as empresas, eu tenho tranquilamente admitido que defendo o sistema de transporte coletivo, operado por empresa privada, e o faço por convicção. Se aí reside algum crime, eu me julgo criminoso. A primeira pena que tenho sobre isso, pelas minhas convicções, é pagar o preço de ver o meu tempo concluído. Concluo apenas lhe fazendo uma pergunta: nessa nova metodologia, continua-se consagrando a isenção e permitindo que ela herde todos os benefícios concedidos e incida no custo tarifário ou não, Sr. Presidente? É a pergunta que eu deixo, porque eu sou obrigado a deixar alguma pergunta. Eu já conheço a resposta, mas não sei se a Cidade conhece.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Delegado Cleiton está com a palavra.
O SR. DELEGADO
CLEITON: Sr. Presidente, saúdo aqui a presença do Diretor, meu querido amigo,
prestativo, Vanderlei Cappellari; Srs. Vereadores; Guarda Municipal; colegas,
funcionários desta Casa; senhores e senhoras que nos assistem aqui e pela
TVCâmara, primeiramente, não quero me tornar repetitivo, quero saudar um
mandato que trará, depois de muitos e muitos anos, uma licitação do transporte
coletivo desta Cidade. Passaram-se muitos e muitos anos e não fizeram a
licitação. Aí num certo momento... Não é crítica, tenho respeito, até porque
trabalhei nove anos no Poder Judiciário, tenho o maior respeito pelas pessoas
que trabalham ali, tenho o maior respeito pela instituição, até porque foi ali
que consegui pagar a minha faculdade e poder buscar novos rumos na minha vida.
Mas algumas situações de judicializar administrações – e aqui está ocorrendo
muito isso –, judicializar uma gestão pública, causa esse transtorno de que o
Ver. Mario Fraga tem medo, não quer que aconteça. Nós todos não queremos que
aconteça. Uma licitação que já estava sendo trabalhada pelo Poder Público, que
já estava sendo trabalhada pela EPTC e já estava sendo trabalhada pelo Governo
Fortunati. Estávamos aguardando para completar essa licitação, porque quem não
quer adiantar, fazer um serviço que é precioso para a sua comunidade e que não foi
feito até então? É um marco para a gestão do Fortunati abrir a licitação para o
transporte público de Porto Alegre, porque o PT teve 16 anos e não o fez, e nós
estamos fazendo. Mas nós queríamos todos os modais, tudo completo: o metrô, os
BRTs, mas, infelizmente, um canetaço judicial deu-nos esse pequeno prazo para a
licitação. Vai ser feita a licitação, até porque o Fortunati é legalista. Vai
ser feita a licitação, tenho certeza de que ela será feita, será um sucesso
para a cidade de Porto Alegre. Aguardamos isso, esperamos isso. Até, há pouco
tempo, eu ouvi um discurso aqui, nesta tribuna, em que o Vereador dizia assim:
“Vai cair a casa depois que o TCE vier aqui e der o seu plano, sua pesquisa,
seu trabalho. Vai cair a casa!” Não caiu a casa, e agora já tem gente até
achando que o TCE está errado. Mas era o TCE que iria mudar a vida de Porto
Alegre. Não mudou. Até nós ouvimos aqui, em vez de críticas, saudações à EPTC,
por ter aberto todo o seu trabalho e ter cooperado com o trabalho do Tribunal
de Contas. Então, às vezes, a gente ouve aqui que vai dar errado. Olha, eu já
ouvi falar... Vanderlei, eu fui Presidente da CUTHAB durante o ano passado e
fui muito bem atendido pela EPTC. Neste ano, não falo aqui em nome da CUTHAB,
porque ela tem um Presidente, mas nós tínhamos uma reunião para terça-feira;
hoje tu estás aqui e mais tarde tu estarás aqui, explicando o que deveria te
sido explicado naquele dia. Então, era um fato político que queria ser marcado!
A tua presença aqui era um fato político para vir aqui e dizer “olha, nós
estamos tristes porque ela desrespeitou os Vereadores”. Não desrespeitou os
Vereadores! Está aqui, não desrespeitou os Vereadores! Está aqui presente,
conversando de peito aberto, clareando o que deve ser discutido mais tarde e
trazendo para o Orçamento Participativo, o que é muito importante! E aí a gente
tem visto, eu tenho ido nos FROPs, nas reuniões do Orçamento Participativo, e
tem se discutido, sim, o ar-condicionado, tem se discutido, sim, os dez
centavos! Porque, senhores, para quem anda de ônibus – e eu andei muito de
ônibus –, dez centavos fazem falta! E eu muito catei, na niqueleira do meu
velho pai, no cofrinho do porquinho, da formiguinha da Fin-Hab, dez centavos
para não ter que passar embaixo de uma roleta, para não ter que me humilhar e
pedir para o cobrador para passar embaixo da roleta! Então, senhores, que seja
discutido e que o povo decida o que quer realmente! E todo mundo vai decidir
que quer ar-condicionado! E eu gostaria que também tivesse, Vanderlei, um
monitoramento de câmeras para facilitar a segurança da comunidade de Porto
Alegre e de seus rodoviários. Obrigado, senhores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Ver. Engº Comassetto está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ENGº
COMASSETTO: Sr. Presidente, prezado Cappellari, voltei à tribuna, em nome do meu
Partido, para expor ao senhor alguns pontos de contribuição. E voltamos aqui a
dizer que esse é um tema de toda a Cidade. Para aqueles que vem aqui fazer um
discurso fácil, eu digo que não é um tema fácil. É um tema muito difícil! E, se
não tivermos um diálogo profundo e um entendimento, vide a licitação das
lotações que fizemos para a Restinga em 2010, e até agora não se implementaram
em função das disputas judiciais. Então, nós já temos que estar precavidos para
todas essas questões. E eu quero dizer ao Mario, que equivocadamente veio aqui
querer responsabilizar o PT. Essa licitação só está saindo num marco legal
porque a lei produzida, sob a direção da Presidente Dilma, que foi aprovada no
Congresso Nacional a Lei nº 12.587, de 2012, que deu o novo marco regulatório
para o sistema de transporte público e determina que até 2015 tenha que ter os
Planos Municipais de Mobilidade Urbana, entre eles, está o processo de licitação.
Isso é construção.
Durante a gestão do Partido dos Trabalhadores, o
transporte público de Porto Alegre foi eleito várias vezes como o melhor
transporte público do Brasil, coisa que não acontece nesses últimos dez anos. E
a Carris, por três anos consecutivos, foi eleita a melhor empresa do Brasil,
entre todas, públicas e privadas, coisa que não acontece também neste momento.
Creio que, para nós, a principal questão deste
debate é o modelo do sistema de transporte público. A lei determina que o sistema
é de gestão pública. Este é um grande debate que vamos precisar fazer e teremos
que fazer uma grande força para poder fazer essa transformação, porque sabemos
que há muitas forças que não querem que o sistema seja público.
Defendemos um outro princípio, o de que tem que
haver a integração metropolitana, do sistema de Porto Alegre ao sistema
metropolitano e vice-versa. De que maneira isso vai ser tratado no edital para
que possa avançar?
Estivemos, na semana passada, com o Prefeito,
quando foi assinado o protocolo entre todos os Prefeitos e o Governo do Estado
para avançar no Plano Metropolitano de Transporte Urbano. Não sei qual é o
período. Queria que o senhor dissesse qual é a orientação do próximo período
desse edital.
Nós temos o projeto do BRT, do metrô, discutimos
muito aqui, aprovamos recursos e vai ser implementado ali na frente. De que
maneira o edital aponta a integração desses sistemas?
Aqui vem novamente o questionamento sobre a
ampliação das linhas. Vão ser os mesmos mil seiscentos e poucos ônibus? Ou vai
haver uma ampliação do número de ônibus para buscar a ampliação das linhas? E
aí, como é que resguardamos a Carris nesse processo? Porque se ouve muito que a
Carris tem que entregar as boas linhas e ficar só com as transversais. A Carris
tem que ser fortalecida. Então, de que maneira o edital vai proteger essa
empresa pública, também, que é de grande validade para nós?
Bom, consideramos um ponto importante e perguntamos
se está apontado no edital a existência do Fundo Municipal do Transporte
Público. Que venham todas as discussões, que todos os recursos sejam destinados
ao transporte público, o que hoje não está sob a gestão do Município e que
possa ser um fundo público e o rendimento revertido para a qualidade.
A lei
federal também determina que tem que ter um capítulo da qualidade do
transporte. E aí, não é só o ar-condicionado; o ar-condicionado é um detalhe
dessa questão. São os assentos, o ar-condicionado, os horários dos ônibus, a
frequência, banheiros nos finais das linhas, os equipamentos públicos, paradas
de ônibus e outros. Questiono se há um capítulo relacionado a essa questão da
qualidade.
Por último, todos nós concordávamos, inclusive
entendíamos, fizemos uma visita, antes do Desembargador Caníbal sair de férias,
pedindo a prorrogação, e acho que todos fizeram esforço nesse sentido. Agora
que saiu a prorrogação para o dia 27, a nossa sugestão é de que o conteúdo já
produzido do edital possa se tornar público, para que nós possamos ajudar a
fazer os ajustes necessários para que o transporte seja realmente público no
Município de Porto Alegre. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Reginaldo Pujol assume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Paulinho Motorista está com a palavra.
O SR. PAULINHO
MOTORISTA: Boa-tarde, Sr. Presidente, Ver. Reginaldo Pujol; Vanderlei Cappellari,
nosso Diretor da EPTC. Só para esclarecer essa situação de que o Secretário
Vanderlei Cappellari não esteve na reunião de terça-feira da CUTHAB, da qual
sou Presidente, e fiz um encaminhamento mediante a troca de ideias que fizemos
na Comissão, com os cinco Vereadores que compõem a CUTHAB. Sempre resolvemos as
questões trocando ideias, não é só minha que prevalece, mas a ideia de todos os
Vereadores. Naquele dia – tenho que esclarecer porque ninguém diz o que eu
tenho que falar aqui na frente; eu falo de forma transparente, olhando para as
pessoas –, na terça-feira, o Diretor Vanderlei Cappellari mandou um ofício
informando que não poderia estar presente porque tinha vários compromissos, com
certeza, nas regiões de Porto Alegre, para esclarecimento no OP, com os
conselheiros e delegados. E isso foi muito importante. Pouco antes da reunião,
e até tenho que agradecer, porque eu sou bem transparente, o que eu tenho que
falar, eu falo, tenho que agradecer porque ele acabou me ligando e dizendo que
não tinha como vir à reunião, pois estava muito compromissado. Com certeza,
comigo, ele sempre foi transparente. Nós precisamos das Secretarias. Os Secretários
têm que ser transparentes conosco para que haja uma parceria, porque nós
trabalhamos para a população e temos que ter, Ver. Mario Fraga, meu Vereador e
meu amigo, Elton, do nosso Conselho Tutelar, parcerias com as Secretarias,
porque, se o Secretário nos atender, conseguiremos levar adiante as demandas
trazidas pela nossa população. Se não fecharmos uma parceria, com certeza, nós
estaremos perdidos e as nossas demandas não irão adiante.
Eu quero falar da licitação do transporte coletivo.
Agora há pouco o Ver. Mario Fraga falou do nosso Belém Novo, do Extremo-Sul,
moramos longe, o nosso Ver. Engº Comassetto também mora longe, no Lami, e
sabemos o que passa a população dentro de um transporte coletivo. Recém foi
falado no ar-condicionado. Protocolei há pouco um projeto para que haja
ar-condicionado, sim, no transporte coletivo de Porto Alegre, porque eu acho
essencial. Mas não é essencial só o ar-condicionado. Esse verão mesmo que
passou, um passageiro dentro de um transporte coletivo, por aproximadamente uma
hora e cinquenta minutos, sem ar-condicionado, para mim é inadmissível. E, com
certeza, há várias coisas a serem feitas, como horários de ônibus melhores para
serem cumpridos. Trabalhei como motorista e penso na população...
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver.
Paulinho Motorista prossegue a sua manifestação, a partir deste momento, em
Comunicação de Líder.
O SR. PAULINHO MOTORISTA: Obrigado,
Ver. Reginaldo Pujol. Com certeza, a população precisa de mais qualidade no
transporte coletivo. Espero que essa licitação venha para a melhoria do nosso
transporte, no sentido de horários a serem cumpridos, no sentido de que os
ônibus não andem tão superlotados na hora do pico. Eu mesmo trabalhei 24 anos e
sei que, na hora do pico, às vezes, Ver. Marcelo, não cabe mais um
passageiro e tu estás na metade do caminho da tua linha, e tu tens que levar o
passageiro, caso contrário ele vai ter de esperar mais meia hora, 20 minutos
até chegar o próximo coletivo. Então espero que essa licitação venha para
melhorar, com certeza, o nosso transporte. Estaremos aqui sempre torcendo,
fiscalizando e sempre contando com o apoio de todos os 36 Vereadores,
independente de partidos ou não a gente trabalha aqui para a população que nos
colocou aqui não pelo partido, mas colocou como pessoas que devem trabalhar
para a sua população. Era isto que eu tinha que falar. Espero, de coração, que
essa licitação não seja só uma licitação que não tenha uma melhoria, uma troca,
porque a população está à espera dessa licitação para que haja mais qualidade
no transporte. Para isso a gente está aqui com meus amigos rodoviários também.
Com essa licitação, espero que o serviço prestado para a população, que os
nossos amigos rodoviários, pois me sinto da classe rodoviária também, tenham
mais facilidade de concluir o seu trabalho, que não seja um trabalho tão
estressante, com horários como aqueles horários de retorno do bairro, tão
estressantes que o motorista não tem nem como descer para ir a um banheiro, já
tem que fazer a volta e buscar viagem de novo, sempre atrasado, sempre atrás do
horário, para que os horários sejam cumpridos, que sejam fiscalizados cada vez
mais, para que meus amigos rodoviários ganhem com isso e a nossa população de
Porto Alegre ganhe cada vez mais também e tenha o transporte coletivo que bem
merece. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Professor Garcia reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para uma
Comunicação de Líder, pela oposição.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Presidente da EPTC,
Vanderlei Cappellari, que hoje enfrenta esta jornada aqui na Casa, acho que é
fundamental o diálogo para que esse tema tão complexo evolua. Quero agradecer às
bancadas do PT, PCdoB e PSOL por poder falar nestes minutos. Começo com o
questionamento que fez o Paulinho. Nós não entendemos que a licitação, se não
alterar questões fundamentais – e certamente não é o tema do ar-condicionado,
este é um detalhe –, poderemos ter um processo que apenas e tão somente
regularize um atual serviço que é completamente insatisfatório na cidade de
Porto Alegre. E aí tenho muita curiosidade, e quero ouvi-lo, sobre quais são
alterações, de fato, na nova contratação desse serviço que a Prefeitura
acredita. Vão transformar a realidade que estamos vivendo? Quais são as
alterações? Nós sabemos, e não preciso repetir aqui: não é um problema só de
ar-condicionado, a gente viveu um calorão e ficou muito pior, mas é um problema
fundamentalmente da superlotação, da inadequação da quantidade de ônibus nos
horários de pico, e da irregularidade nesse atendimento, a não previsibilidade,
o não cumprimento dos horários, que têm uma causa, e a causa é os trajetos
inadequados, os trajetos antigos, não possíveis de serem cumpridos no tempo
previsto, e talvez um processo de superlucro que as empresas buscam na
superlotação. E aí a minha pergunta sobre esses problemas... Eu não falei da
expansão do sistema, também gostaria de ouvir sobre a expansão da cobertura,
porque a Zona Sul da Cidade é, tradicionalmente, uma zona muito indignada pelo
isolamento que sofre pelo atendimento de ônibus, pelos enormes intervalos dos
horários, pelo abandono e pelo limite de horas no final de semana. O sábado
hoje em dia, na cidade de Porto Alegre, especialmente para a periferia, é um
dia de trabalho, e o sábado é desprovido do atendimento de ônibus na quantidade
necessária para a população. E no sábado e no domingo, o limite de horas... só
tem ônibus até meia-noite, até uma hora – vejo aqui os Vereadores que moram na
Zona Sul e sabem disso –, isso inviabiliza a vida de muitos cidadãos e cidadãs.
Então a minha pergunta: nós vamos continuar pagando por passageiro por
quilômetro ou vamos alterar o modelo? E aí pergunto ao Cappellari, mais uma
vez, pois sei que o Presidente está conversando e não sei se ouviu: vamos
manter o sistema que paga por passageiro por quilômetro, ou vamos incorporar,
Presidente, como São Paulo fez, o sistema misto, que considera os quilômetros
rodados e um percentual de passageiros por quilômetro? Ou como Curitiba, que
considera quilômetros rodados, que exige que a empresa, portanto, tenha
interesse em rodar e não ganhe por um ônibus parado nos corredores? Isso é um
dos modelos que o Brasil já alterou, e nós entendemos que temos que criar
mecanismos que as empresas se interessem em ter efetividade, em ter bom
desempenho.
Uma das afirmações da população da periferia é:
“Ah, é assim porque as empresas não têm concorrente mesmo, ninguém concorre com
elas; ou a gente as pega, ou a gente fica a pé.” Portanto, sem concorrência não
tem qualidade. Quais são os mecanismos que nós vamos incluir nessa licitação,
Cappellari, que, de fato, vão fazer com que a empresa queira atrair o cliente,
Lourdes, atrair o usuário, para que ela se dedique a prestar o serviço tal, que
o ônibus seja desejado? Eu não sei quais são, eu gostaria que a Prefeitura nos
dissesse. E essa alteração, pagamento não por passageiro, Ver. Tarciso, mas por
quilômetro é experimentada em alguns lugares. E aí, bom, a empresa vai querer
que ande, vai querer que se desempenhe, vai ajudar e contribuir para que isso
aconteça.
Pergunto sobre o tema BRTs. É um grande
investimento da cidade de Porto Alegre. Vai se confirmar que nos BRTs a Carris
não vai circular? Nós achamos isso impensável! Nós entendemos que a Carris deve
ampliar a sua atuação, deve ser a que mais recebe aporte de infraestrutura.
Deve ser a Carris a empresa exemplar, parâmetro para o sistema, na mão da
Prefeitura, para controle de gestão. E também será que nós vamos manter esse
modelo das três bacias, que eu ouvi que sim? Porque houve um tempo em que foi
positivo, foi uma construção. Antes era uma enormidade de empresas, depois
construíram-se os consórcios. Parece-me que o modelo esgotou. Pergunto ao
Secretário Cappellari: há um novo modelo? E nós vamos insistir nesse diapasão.
Vamos apresentar o projeto para consulta pública, Ver. Sgarbossa, que o
Comassetto aqui já levantou. Que bom que foi prorrogado o prazo, acho que temos
que ter um período de conhecer o projeto de licitação para a sociedade inteira
olhar no detalhe, para a gente acertar, para de novo, para de fato ser um
divisor de águas no transporte público desta Cidade e não apenas uma
legitimação do que aí está.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): O Secretário Cappellari está com a palavra. Eu
quero ressaltar que foram 19 Vereadores que utilizaram a tribuna e quero
parabenizá-los, porque esse comparecimento mostra que os Vereadores, a Casa,
como um todo, está atenta aos grandes assuntos da atualidade.
O SR. VANDERLEI CAPPELLARI: Eu vou tentar
resumir, Presidente, porque, se eu for responder a todos individualmente, vamos
ultrapassar o limite das cinco horas da tarde. Isso também surpreende um
pouquinho porque a nossa vinda aqui era para falar sobre modelo tarifário, mas
o assunto foi praticamente unânime em relação à licitação do sistema de ônibus.
Na verdade, hoje a tarifa está bastante consolidada, esclarecida, depois desse
longo período da inspeção do Tribunal de Contas, do julgamento, da própria
auditoria do Tribunal de Contas, que esteve aqui nesta Casa apresentando o
resultado da auditoria. Então, talvez a tarifa tenha perdido o interesse
exatamente porque hoje ela tem a garantia de ser correta, que atende à
legislação e por isso há o desinteresse do debate da Casa em relação ao tema
tarifa. Vou começar pedindo desculpas, Ver. Paulinho Motorista, por não ter
podido comparecer à reunião da CUTHAB. Eu tenho um profundo respeito pela Casa,
então sempre que convidado estarei presente, mas excepcionalmente nessa reunião
da CUTHAB estávamos com uma emergência que era a questão da elaboração do
edital de licitação. Então, realmente, não foi possível chegar até a reunião da
CUTHAB. Se eu já tivesse a informação de que o Desembargador Caníbal fosse
rever a sua posição e estender o prazo até o dia 27 de março, com certeza eu
teria estado presente aqui para poder ouvir e dar as informações que os
Vereadores da CUTHAB merecem.
Em relação à questão
da bilhetagem, é uma questão importante, hoje está a cargo das empresas de
ônibus e, por decisão do Tribunal de Contas e por uma decisão política do
Prefeito Fortunati, nós vamos tornar uma bilhetagem pública. Essa decisão já
está tomada. Em 90 dias nós vamos apresentar um estudo e um cronograma tanto
para o Prefeito como para o Tribunal de Contas de como será essa sucessão do
sistema atual para o sistema de bilhetagem pública. Quero deixar claro que
isso é um trabalho realmente gigantesco, nós pretendemos contratar uma consultoria
especializada para que não haja nenhum risco de essa sucessão criar problemas
para o sistema de transporte. Mas a decisão já foi tomada, então, a bilhetagem
vai se tornar pública.
A questão da Lei de Mobilidade, a Lei nº 12.587,
também levantada aqui. Realmente, é uma das leis extremamente importantes que
foram aprovadas em nível de Governo Federal, que traz responsabilidades
bastante grandes para o Município, uma delas é a montagem de um plano de
mobilidade. Nós, da Cidade, tomamos a decisão de realmente montar um plano de
mobilidade com a participação da população, com pesquisa de origem e destino,
tudo isso dentro da melhor técnica para fazer um plano de mobilidade para a
cidade de Porto Alegre incluindo todos os modais; incluindo, inclusive, a
Região Metropolitana no impacto sobre a cidade de Porto Alegre, o que, até
então, nunca foi feito. O investimento será de R$ 5,5 milhões, e nós já estamos
em fase de publicar o edital de contratação dessa pesquisa, que é fundamental.
Para vocês terem uma ideia, a última pesquisa de
origem e destino foi feita em 2003. O que nós fizemos agora – e aí respondendo
também alguns questionamentos – foi o estudo de demanda, que é basilar para que
o planejamento, agora, da licitação do transporte no sentido de melhor atender
a população. Esse estudo de demanda serviu, inclusive, para fazer as projeções
do próprio metrô e a modelagem econômico-financeira do projeto do metrô. O
estudo foi realizado em 2011, finalizado bem no final desse período, e já está
à disposição da área técnica para utilizar os dados, que já foram utilizados
agora para a elaboração do modelo operacional e ampliação da rede em cima da
licitação do sistema de transporte.
Novamente aqui estou falando coisas que serão
amplamente debatidas hoje à noite e apresentadas através de um modelo em que
aparecerão, passo a passo, os modelos da licitação. Mas, para adiantar a
questão da modelagem, da concorrência, atendendo a todos os critérios técnicos
que serão inegociáveis – terão que ser atendidos integralmente –, a menor
tarifa será a vencedora. E nós vamos pagar, Sofia, por passageiro transportado,
não é o modelo atual, muda completamente. Então, realmente, o empresário vai
ter que ter interesse em transportar as pessoas.
(Aparte antirregimental.)
O SR. VANDERLEI
CAPPELLARI: Compensação, que é natural...
(Aparte antirregimental.)
O SR.
VANDERLEI CAPPELLARI: Por bacia operacional, nós estamos fazendo o
ajuste dentro das bacias. É importante, quem puder assistir à apresentação de
hoje, vai ser feita no início da audiência pública. A gente vai poder,
inclusive, mostrar o mapa da divisão das bacias. Mas é, mais ou menos, o que
temos hoje, a participação dos quatro consórcios permanece como está, há apenas
alterações operacionais. A Carris vai ter algumas linhas que ela não vai
operar, vai assumir outras linhas sempre no modelo transversal. A Companhia
Carris sempre foi idealizada para atender ao modelo transversal, e nós vamos
ter linhas transversais que hoje não são operadas que vão ser operadas pela
Carris. Ela vai manter o percentual dela, talvez ela tenha um pequeno
acréscimo. O percentual hoje da Carris é 22,07%, e ela vai ter um pequeno
acréscimo em termos de volume de passageiros transportados pelas linhas que ela
vai assumir.
(Aparte antirregimental.)
O SR.
VANDERLEI CAPPELLARI: Vereador, venha assistir hoje à noite, junto com as
pessoas, mas vamos ter tarifas individuais por bacias. O menor preço por bacia,
por isso que a tarifa é por bacias.
A questão do incentivo à qualidade. Dentro do
edital, nós vamos ter... Por exemplo, como eu falei, o empresário vai querer
transportar o passageiro; se, por um período de um ano, a empresa do consórcio
conseguir transportar, por exemplo, 3% a mais de passageiro efetivo, ela, a
título de ganho de qualidade, vai ficar com 1,5% desse ganho, e 1,5% desse
ganho vai para a tarifa. Então, nós vamos permitir que, através da gestão, da
qualidade, da atração de usuários, a empresa sempre fique com 50% desse ganho
de qualidade para que ela, cada vez mais, busque a sua qualidade.
Quero deixar claro aqui que a Prefeitura nunca
solicitou aumento de prazo; a Prefeitura solicitou, através dos embargos, ao
Tribunal de Justiça que se posicionasse quanto à lei federal de licitações.
Nunca solicitou, e, se não houvesse agora a autorização do Desembargador
Caníbal de prorrogar o prazo até o dia 27 de março, nós íamos publicar o
edital, com todos os riscos, no dia 5 de março, como determinado pela liminar.
Quanto à solicitação de disponibilizar o edital
agora, talvez já na próxima quinta-feira, eu tenho que avaliar com a
Procuradoria-Geral do Município e com o jurídico da EPTC. Não sei se isso não
quebra a questão de acesso ao edital. Se for dentro da legalidade, se isso não
permitir nenhum tipo de embargo ou qualquer tipo de intervenção judicial para
que haja um prejuízo com a licitação, não vejo problema. Nós vamos avaliar
isso. Vou fazer uma consulta à PGM para que a gente não corra nenhum risco em
relação a disponibilizar o edital, por exemplo, na Internet, alguma coisa
assim. Quero deixar claro que esse edital já tem 4.100 páginas, então, é um
edital bastante extenso, com um detalhamento profundo de todos os temas –
tarifa, veículo, modelo operacional, operação linha por linha –, o que já
vai gerar um grande volume de material.
É uma pena que o Ver. Clàudio Janta não esteja aí,
mas merece uma resposta quanto à questão da publicidade nos ônibus. O Prefeito
Fortunati já tomou a decisão, nós apresentamos os estudos para ele. É uma lei
municipal que disciplina hoje a publicidade nos ônibus. Nós vamos enviar um
projeto de lei a esta Casa para alterar esse modelo que é utilizado hoje. Hoje,
da publicidade, 70% da arrecadação fica para a empresa que faz a gestão do
sistema, e 30% vai para o plano de saúde complementar dos rodoviários. A nossa intenção
é fazer uma gestão pública da publicidade, ou seja, uma licitação da
Prefeitura, através da EPTC, para selecionar uma empresa que faça a gestão e o
acompanhamento público direto. Desse fundo, 50% do que for arrecadado, vai para
o plano de saúde dos rodoviários, portanto, para a modicidade da tarifa; e 50%
vai para o fundo de qualificação do transporte.
Já falei, no comentário da abertura, na
apresentação, da questão da tarifa de 2013. A tarifa de 2013, quem acompanhou,
ela realmente teve complexidade com todas as variáveis que houve ao longo do
período, principalmente, de janeiro até junho, quando se consolida, então, a
tarifa de R$ 2,80, entre quatro desonerações, duas cautelares do Tribunal de
Contas, mais liminar do Judiciário, que, depois, se tornou inócua em função das
desonerações, da desoneração do ISSQN. Eu espero que a tarifa deste ano tenha
uma tranquilidade.
Também quero deixar claro que não há nenhuma
possibilidade de a licitação ser de cartas marcadas, não tem nenhuma
possibilidade de que isso ocorra. O edital vai ter igualdade de concorrência,
sejam empresas operantes de agora, ou qualquer empresa do País. Não tem nenhuma
possibilidade de ter alguma vantagem para qualquer uma das empresas que vierem
a apresentar propostas. Vai ser um processo muito transparente e, com certeza,
vigiado pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas. O Tribunal de
Contas, na quinta-feira da semana que vem, recebe o edital completo e também o
Ministério Público, para que possam fazer as suas avaliações e indicar alguma
questão que possa ser alterada até o dia 27 de março. Não estou definindo a
data da publicação, mas, pelo prazo que foi nos dado pelo Tribunal de Justiça,
provavelmente o edital seja publicado no dia 27 de março. Mas, até lá, os dois
MPs receberão cópia integral de todo o edital para que eles possam fazer a sua
análise e, se quiserem fazer alguma sugestão de alteração, será muito
bem-vinda, exatamente, para que possa ser corrigido e que o certame tenha
completa transparência e equilíbrio entre os concorrentes.
A Ver.ª Lourdes fala da participação da Carris
quanto à fiscalização das isenções. Vereadora, a Carris vai ter a mesma
participação, um pouquinho mais do que 22,07%, se não me engano é 22,30% que
ela vai ter. Mas quanto à fiscalização das isenções é um trabalho duro que a
EPTC faz hoje, na participação das empresas, não do nível que eu gostaria que
fosse. Como foi dito aqui, a tarifa hoje contempla qualquer ineficiência do
sistema; se aumentarem os isentos, no final do ano a gente coloca na tarifa do
modelo atual, mas o modelo da licitação, como disse, vai ter muitas alterações
e vai incentivar muito a qualidade de gestão, e a atração de novos usuários do
sistema de transporte.
Quanto à questão da frota e o nível de conforto que
será colocado na licitação, nós tomamos uma decisão muito importante nesse
sentido. Nós temos um modelo hoje que aceita até seis passageiros por metro
quadrado. Então todo o planejamento da frota é feito com esse conceito. Nós
tomamos a decisão de reduzir para quatro; Ver.ª Jussara, para a senhora ter uma
ideia, essa medida aumenta em 70 ônibus a frota atual, mesmo com as
especificações que já foram concluídas com o aumento do tamanho da frota que
será obrigatória na assinatura do contrato, quando, obrigatoriamente, entrarão
420 ônibus novos. Os vencedores já terão que entrar com essa frota, já com
ar-condicionado. E os 420 ônibus será a frota inicial obrigatória para os
vencedores da licitação, porque são ônibus que na frota atual têm mais de sete
anos e todos eles, obrigatoriamente, terão de ser substituídos. Isso já vai
representar um ganho muito expressivo na qualidade e no conforto do usuário.
Estou tentando responder em bloco. Já respondi
sobre a produtividade, incentivo que as empresas terão no sentido de tudo que
ela ganha em qualidade e produtividade, ela ficará com 50% desse ganho e os
outros 50% serão utilizados para a motricidade da tarifa.
Quanto à questão do lucro das empresas. Não existe
nenhum empresário que eu saiba, neste País, que trabalha sem ganhar o seu
lucro. Ele investe um capital, e se esse investimento não tiver um sistema
atrativo de retorno, ele simplesmente não investe. Isso tem acontecido em
vários locais. A gente sabe que muitas licitações têm ficado vazias, não tem
tido empresas interessadas. Portanto, nós estamos definindo, como já foi muito
bem ressaltado no relatório do Tribunal de Contas, que o lucro, a TIR, a taxa
de retorno de capital é 7,5%. Fora disso, eu tenho absoluta convicção que
nenhum empresário iria apresentar uma proposta para operar o transporte
coletivo. Isso é o mercado. Não existe como querer empresários que venham
trabalhar sem uma taxa de retorno, senão ele bota o seu dinheiro na caderneta
de poupança e não precisa administrar empresa. Portanto, o lucro tem que acontecer,
com toda a fiscalização necessária, e que a gente saiba exatamente o que cada
empresa, cada consórcio teve de taxa de retorno do seu investimento. Isso será
acompanhado pela nossa equipe que faz todo o acompanhamento das tarifas, e o
desempenho das empresas, que, a partir da licitação, vai ter muito mais
atividade para controlar a questão da qualidade.
Já foi falado aqui sobre a questão do GPS. Nós
vamos medir o desempenho das empresas, inclusive como será feito na frota de
táxi, através do projeto de lei que tramitou nesta casa; em breve estaremos
lançando o edital para selecionar empresa para implantar o sistema em toda a
frota de táxi. Nós vamos ter um sistema que vai monitorar 24 horas por dia os
ônibus, sua posição exata a cada minuto, dentro do seu itinerário. Vamos ter
informação da telemetria desse ônibus, como o motorista está operando, se tem
frenagens bruscas, se tem arrancadas, enfim, todo sistema de operação do
ônibus. Além disso, propiciar informação para o usuário em tempo real. A partir
disso, podemos ter totem nas paradas informando, podendo mandar, inclusive, por
um sistema de mensagens via celular, via torpedos para quem quiser se
cadastrar, sobre quanto tempo o ônibus vai passar na parada. Tudo isso vai ser
possível a partir desse sistema de TS que já está sendo especificado e que vai
constar que as empresas terão a obrigação de implantar a parte embarcada, e
toda a parte de infraestrutura será por parte da Prefeitura.
O Paulinho Motorista e o Mario Fraga falaram sobre
o lotação da Restinga e Belém Novo. Realmente é preocupante, porque lançamos o
edital no início de 2011, tentamos de todas as formas, até o momento, concluir
esse edital das duas linhas, e até hoje ainda temos alguma dificuldade, porque
a disputa, a briga entre os participantes tem sido muito forte. Duas liminares
paralisaram o processo por um ano e 6 meses, espero que, no modelo ônibus, a
gente tenha condições melhores para evoluir rapidamente o sistema do lotação.
Presidente, eu tentei responder a todos. Hoje à
noite nós teremos uma rodada importante, que é a audiência pública aqui nesta
Casa, Presidente. Quero agradecer imensamente a sua disponibilização do espaço
da Casa dos Vereadores, a Casa do Povo. Que a gente possa, então, realizar a
audiência pública, cumprir a lei de licitação, e ter um processo tranquilo.
Vamos ficar aqui até o último cidadão que queira se manifestar, não vai haver
limite de inscrição. Nós vamos ficar aqui até o último inscrito. Apesar de o
edital prever uma duração de três horas, nós vamos usar meia hora do processo
inicial para dar as informações do edital e todo o restante do tempo vai ser
para ouvir a população e tentar retirar desejos, vontades e reclamações da
população. Já que aumentamos o prazo para publicar o edital, teremos um prazo adequado
para analisar tudo isso, desde as rodadas do Orçamento Participativo até a
audiência pública, com o intuito de contemplar todas as demandas que forem
levantadas dentro da possibilidade técnica. Claro que nós temos limitadores,
mas vamos analisar com carinho e com cuidado todas as sugestões que foram
levantadas nas rodadas do OP, no Conselho do OP e principalmente hoje na
audiência pública. Muito obrigado, Presidente, estarei sempre à disposição
desta Casa.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Professor Garcia): Obrigado, Secretário, Diretor-Presidente da EPTC,
Vanderlei Cappellari. Quero dizer que foi muito gratificante; hoje tivemos 33
Vereadores presentes na Sessão, 19 usaram a tribuna. E agradeço a sua exposição
sobre a metodologia de atualização do cálculo tarifário do transporte coletivo
por ônibus de Porto Alegre. Claro que o assunto da licitação também entrou
porque vamos ter audiência, e hoje, excepcionalmente em função da audiência
pública, a Casa encerra as suas atividades às 17h – agora são 16h52min.
Encerramos a presente Sessão, convidando os
Vereadores para a próxima quarta-feira, dia 5, e já temos acordado qual vai ser
o primeiro projeto: o projeto do Hospital de Clínicas, que vais ser votado no
dia 5. Muito obrigado pela presença. Bom carnaval a todos.
(Encerra-se a Sessão
às 16h52min.)
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